Revitalizar a cidade

Por Paulo Souza 17/09/2019 - 11:10 hs

As áreas centrais das cidades médias paulistas estão sofrendo, em vários graus, os impactos do crescimento urbano. Um aspecto interessante e que merece atenção é o surgimento de centros alternativos, que passaram a disputar atenção e investimentos com o centro “principal” dessas cidades, que, por sua vez, ficaram esquecidos. Sem incentivo para uso, chega o abandono, que traz com ele o aumento da criminalidade, desperdício de infraestrutura e desvalorização da região. 

No entanto, surge também uma nova demanda, a de revitalização desses espaços para que eles possam voltar a desempenhar seu papel para a população, desde o de imagem unitária de pertencimento à comunidade até o de amenidade, a fim de preservar a boa qualidade do ambiente construído para seu público mais diverso. 

Um exemplo bem sucedido é a revitalização do Puerto Madero, em Buenos Aires, na Argentina. Há 20 anos, a Argentina investiu na recuperação do potencial do porto, que havia caído no esquecimento, por meio de um acordo entre o Ministério de Obras e Serviços Públicos Instituto, a Prefeitura da Cidade de Buenos Aires e da Secretaria Geral da Presidência da Corporação Nation. Hoje, a cidade e o país comemoram o sucesso da empreitada, que possibilitou a completa recuperação da área e a transformou no principal complexo residencial, turístico, gastronômico e comercial da capital argentina. 

Em Bilbao, na Espanha, o projeto de revitalização da cidade se apoiou essencialmente na recuperação de sua identidade e diversidade, buscando conferir aos moradores uma sensação de pertencimento a cidade, que antes era percebida de forma fragmentada e compartimentada. Para isso, governo e iniciativa privada investiram em uma série de obras, como a construção do Museu Guggenheim Bilbao, de um novo terminal no aeroporto, novo terminal ferroviário metropolitano, nova estação combinada de ônibus e trens, o centro empresarial de Abandoibarra e recuperação para o uso urbano da área antiga do porto e ampliação do porto atual. 

O Brasil também possui cases extremamente positivos. Curitiba e Rio de Janeiro são alguns exemplos. Os curitibanos presenciaram um plano de revitalização bem orquestrado que permitiu o crescimento ordenado da cidade, a partir da década de 1960. O projeto cuidou da paisagem da cidade, ampliando sua área verde, criou ainda novas regras de zoneamento e parques. O Calçadão de Curitiba foi todo redesenhado, proporcionando um belo contraste entre a rua de pedestres e as edificações e transformou a Rua das Flores em um importante ponto comercial e de encontro de pessoas. A revitalização é um marco histórico e demonstra ser um empreendimento de sucesso imediato, pois atraiu novos moradores e visitantes à cidade e, consequentemente, aqueceu sua economia. 

No Rio de Janeiro, o bairro da Lapa chama atenção pela transformação após uma série de ações que teve início na década de 1970 e chegou ao auge em 2005. Famoso pelos restaurantes, clubes de jogos e botequins e em estado de degradação, o bairro todo passou por reformas, tombamentos, revitalizações paisagísticas e ambientais que levaram à surpreendente valorização imobiliária local. 

Tais exemplos ilustram tanto a importância quanto a viabilidade de se propor hipóteses de qualificação do espaço urbano, para que esses locais recuperem a relevância do passado na vida atual, compreendendo a constante transformação da população que podem ser um imóvel abandonado, uma praça sem cuidados, ou até construções maiores como, por exemplo, estádios. 

Em Mauá observei um espaço revitalizado por moradores, a Praça Rafael Correia, hoje mais florida, pintada, bem cuidada, e valorizando o espaço e os imóveis em volta. Parabenizo os moradores pela iniciativa. O local revitalizado fica na Vila Correia, próximo ao Hospital Nardini. 

Portanto, o importante é o poder público, a iniciativa privada e os munícipes unirem-se para que mais locais sejam revitalizados e bem cuidados. Contem comigo nessa missão.