Câncer de mama em pets pode ser evitado com castração precoce

 

Outubro é o mês da conscientização sobre o câncer de mama. E durante todo esse período, a importância de falar sobre essa enfermidade em mulheres cresce bastante. Porém, muita gente não sabe é que os animais também podem desenvolver tal doença, que pode ser evitada com um simples procedimento: a castração. A maioria das pessoas acha que castrar o animal é importante somente para evitar a procriação e o transtorno de cios indesejados. Contudo, para as fêmeas a castração (OSH) evita a formação de câncer de mama (neoplasia mamária) e piometra (infecção uterina grave em cachorros adultas a idosas). 

O câncer de mama consiste na formação de nódulos mamários, quase que 100% malignos, ou seja, altamente metastático (dissemina para outros órgãos, por exemplo, pulmões). De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, esse tipo de tumor é um dos principais que atingem os pets, sendo que a incidência chega a 45%. 

Estudos comprovam que, efetuar a castração antes do primeiro cio, garante em 99% de chances de a fêmea não desenvolver câncer de mama no futuro. Entretanto, quanto mais cios ela tiver, maior é a probabilidade de desenvolver a doença. Com isso, é reforçado que as castrações, após as vacinas nos filhotes, são recomendadas. 

Outra situação que pode aumentar ainda mais a formação de tumores nas mamas é o uso de injeções anticoncepcionais (“anti cio”), que não tem efeito benéfico algum para os animais. Como a maioria é progestágena (hormônio de gestação), se a cachorra cruzar e emprenhar, a injeção não a faria abortar e sim geraria complicações no momento em que ela entrasse em trabalho de parto, causando a necessidade de fazer uma cesárea de emergência que traria risco de morte. Assim, o uso de injeções anticoncepcionais pode gerar, além de maior chance de formar tumores de mama, complicações nas gestações. 

O tratamento para tumor de mama é cirúrgico, com a retirada de toda cadeia mamária do lado acometido (mastectomia unilateral) e não apenas a mama acometida, na maioria das vezes. Esse é um procedimento extenso, com a realização de um histopatológico do tumor (biopsia) para saber exatamente seu tipo. Em alguns casos, é necessária a realização até de quimioterapia. Como tumor de mama está fortemente ligado ao contínuo ciclo hormonal, quando a retirada das mamas é realizada, faz-se necessária também a castração. 

Embora falte clareza e conscientização por parte de tutores dos animais, é possível detectar de forma precoce o câncer de mama através de exames complementares e idas frequentes ao veterinário. O próprio tutor do animal é capaz de realizar o toque das mamas das fêmeas e detectar um caroço ainda no início e levá-la a um veterinário para avaliação, pois quando a doença é descoberta logo no início, o tratamento é muito mais eficaz. 

Dra. Paula Franco Freire (CRMV 39.845), Médica Veterinária pela Universidade Paulista (UNIP), Especializada em clínica médica de pequenos animais pela ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais), responsável técnica na Clínica Veterinária Espaço Vet Napoleão, localizada em Mauá-SP.