Por Daniel Alcarria

Um dos mais tradicionais clubes esportivos de nossa cidade, o Independente Futebol Clube de Mauá caminha com força e robustez rumo aos seus setenta e cinco anos de ininterrupta história na cidade. Sua trajetória, marcada por grandes desafios e protagonismo, funde-se com parte significativa da história recente do município. A marcante presença do clube nos processos que levaram à emancipação política-administrativa de Mauá frente à Santo André é das mais significativas, sendo verificado entre os participantes deste movimento atletas e dirigentes, muitos dos quais ligados ao Independente FC. 

O poder jovem da rebeldia 

Fundado em 17 de abril de 1945, a história do clube começou com o time de futebol juvenil chamado "Estação", cujo campo estava localizado próximo de sua atual sede social, no centro de Mauá. Nele jogavam Lúcio Cardoso de Araújo (Jaú), Oswaldo Begliomini (Teté), Rodolfo Moreira (Dodô), Paulo Japonês, Odécio Chiarotti, Caxambú (goleiro), Gino Rodrigues, Mário Peres e outros. Nesta época, existiam dois times juvenis em Mauá: o "Estação" e o "11 Garotos". 

Impossível contar a história do Independente sem citar o Industrial, que na busca de reforços para seu time principal, convidou os melhores jogadores do Estação e do 11 Garotos. Tal fato provocou tamanha confusão e divergência que levou a saída de todos os jogadores juvenis. Conforme Ademir Médici, “as primeiras reuniões para o surgimento do Independente foram realizadas em escada externa de propriedade de Joao Baptista Dell'Antonia, exatamente onde se encontra hoje o busto de Getúlio Vargas, na Praça da Bíblia”. Sob a paineira famosa, o clube começou a ser projetado e lá decidiram formar um novo time. Em seguida, logo transferiu o campo para local onde hoje temos a Escola Estadual “Professora Therezinha Sartori”, na Vila Noêmia. A escola ocupa o espaço onde justamente ficava o antigo campo de futebol. 

São considerados membros-fundadores do Independente FC: Ariocy Rodrigues Costa (1º presidente), Inocêncio Pedro, Ângelo Felipe, Otavio Polydoro, Orestes Polydoro, Valdomiro Polydoro, Ariovaldo Polydoro, Paulino Santana, Juracy Fernandes, Jairo França, Climene de Morais, Oswaldo Berelli, João Moreira, Rodolfo Moreira, João Moreira Filho, Guilherme Primo Vidotto, Oswaldo Begliomini (Tete), Cornélio Monteggia, Reynaldo Piorno, Décio Chiarotti, Galiano Pavin, William Martins, Leo Martins, Arlindo Agnelo, José Agnelo, Irineu Moreno, Rafael Di Mazzi, Oswaldo Braga, Aristides da Silva, Paulo Ferreira Prado, Waldemar Delpoio, Anuar Auada, Orlando Estefanini, Plinio da Silva, Ângelo Fernandes, Jose Tonelotti, Antonio Tonelotti, Gino Rodrigues, Júlio Rodrigues, Lucio Cardoso de Araújo, Orlando Silva, Duílio Coppini, Sinésio Escudeiro, Jose Escudeiro, Paulo Tanaka, Geraldo Vidotto, Otavio Nazuto, Antonio Fernandes, Osvaldo Brancalion, Mario de Lourenço, Alberto Tonelotti, Romeu e João Canassa. 

No futebol, um celeiro de craques e muitos títulos 

Seguido à fundação, foram decididos a cor grená (em alusão ao Juventus da Mooca), o nome (Independente de todos os clubes, em especial do Industrial) e o escudo (inicialmente uma espada reta), que representava a independência da agremiação frente às demais forças do esporte de Mauá. Foi com a união dessas forças que o clube projetou sua condição de grande entidade esportiva local, ampliando dessa feita a quantidade de torcedores e associados e promovendo grandes eventos. 

Seu primeiro grande título no futebol foi o de Campeão da Segunda Divisão de Santo André, em 1946. Mas o título de campeão da Primeira Divisão de 1950 é considerado o mais importante pelo clube, porque além de ter sido de maneira invicta, também foi promovido pela Liga de Santo André às vésperas da emancipação. A final foi contra o União Jabaquara de São Caetano e o Independente FC venceu por 2x1. Outros títulos: campeão do Torneio Início de Santo André (1946 e 1953), campeão da Taça “Cidade de Mauá (1952), campeão do Torneio “Esquadrão de Ouro” do ABC em 1967 e Tricampeão mauaense (1959, 1964 e 1968). 

Os muitos craques do grená mauaense: Pagano, Zé Ângelo, Waldemar Grecco, Décio Chiarotti, Nide, Anura, Ditinho, Dodô, Rivas, Arlindo, os técnicos Juracy Fernandes e Paulo Galesso, Amadeu, Martinho, Teté, José "Gafonha" Escudeiro, Samuel, Parmejani, Vaninho, Luiz Luglí, Luiz Chuartz, Norberto Scilla, Borracha, Pedro Fernandes, Clodoaldo Mariani, José Doné, Roberto Oliveira, Clovis, João Putini, Adervano e Antonio Benetti, Célio Orlando, Lázaro Benetti, Avelino e Ari Ferreira. 

São considerados destaques históricos dentre os imortais do Independente FC Lúcio Cardoso de Araújo, o popular Jaú, zagueiro campeão invicto em 1950 e campeão do centenário de 1953, o ponta-esquerda Roberto Frejuelo, no final da década de 50, e o meio campista Benetti, na década de 60. Os dois últimos saíram do Independente para o futebol profissional: Frejuelo, que defendeu o Colo-Colo, do Chile, em 55, e em 57 esteve no São Paulo e José Benetti, ex-jogador do Irmãos Romano, de São Bernardo do Campo, Juventus (SP), Vasco da Gama (RJ), América (RJ), XV de Piracicaba, Velo Clube de Rio Claro (SP), São Bento, Amparo, Araçatuba e Paulista de Jundiaí, onde encerrou carreira em 1978. Benetti atuou na partida em que Pelé marcou seu milésimo gol, no Maracanã. Neste jogo, o rei do futebol faria seu gol número mil, mas coube à Benetti inaugurar o placar naquela noite de quarta-feira de casa cheia para a festa de Pelé. Foi também técnico de futebol, tendo dirigido o Grêmio Mauaense. 

Um clube em transformação 

Desde seu início, o independente FC vem construindo sua história através do esforço e abnegação de seus aficionados que por amor, união, coragem, força e determinação, têm impulsionado o clube grená para a grandeza que é hoje. Essa determinação é verificada com a construção de sua sede social (1965), com o início das obras do Poliesportivo (1975) e do campo de futebol (1976). A inauguração do campo de futebol em amistoso contra o Palmeiras (1984) e das piscinas em 1980 são provas inequívocas de sua condição de grande clube social de Mauá, oferecendo lazer, entretenimento e um ambiente seguro e com qualidade em seus 72.000 metros quadrados de área, tornando-se assim uma opção de cultura, esporte e lazer para os moradores da cidade de Mauá. Seu atual presidente é José Pio Ramos de Campos.

(*) Jornalista e Historiador.

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Referências bibliográficas:

MAUÁ (SP). Corpos em Movimento: as práticas esportivas e de lazer em Mauá 1954-2004. Núcleo de História e Memória. Imprensa oficial do Estado, São Paulo, 2004.

MEDICI, Ademir. De Pilar a Mauá. Prefeitura do Município de Mauá, 1986.

PUNTSCHART, William. Mauá: entendendo o passado, trabalhando o presente e construindo o futuro. Noova América Editora. São Paulo, 2012.