Após decidirem suspender os serviços do transporte público coletivo, os prefeitos das sete cidades do Grande ABC recuaram em relação a decisão e permitirão que os coletivos continuem circulando nos municípios com uma frota até 85% menor a partir do dia 29 de março. A ação visa auxiliar no combate a disseminação do novo coronavírus, que já matou 57 pessoas no Brasil e mais de 20 mil ao redor do mundo, na região sem deixar de atender aos usuários que dependem do transporte público para se locomover.

A novidade foi definida após uma Assembleia Extraordinária do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, realizada por videoconferência na manhã desta terça-feira (24), e que contou com as participações dos chefes dos Executivos de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, além dos secretários estaduais de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, e de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. 

A reavaliação da medida levou em consideração estudos técnicos do Governo do Estado, com base nas linhas da CPTM, do Metrô, da Metra e outras linhas que interferem no sistema de transporte público municipal com o Grande ABC, e das Secretarias de Mobilidade dos sete municípios.

Com isso, ficou definido entre as Prefeituras e o Governo do Estado que haverá uma diminuição das frotas de ônibus nas sete cidades a partir da 0h de 29 de março (domingo). Assim, haverá a circulação de 50% dos ônibus disponíveis nos horários de pico e de 30% nos demais horários, de segunda a sexta-feira. Já aos fins de semana e feriados, a frota que circulará nas ruas será composta por apenas 30% dos veículos nos horários de pico e de 15% nos demais horários.

Ainda na reunião, foi decidido que a interrupção do serviço acontecerá de forma gradativa até o dia 28 de março (sábado), conforme decisão anterior. Apesar do recuo, a decisão é passível de revisão a qualquer momento, como todas as medidas no combate à pandemia. 

Segundo estudos, esse projeto de redução da frota de ônibus foi utilizado em países como o Japão e Singapura, com estratégias bem sucedidas para redução do contágio do novo Coronavírus. Ao todo, as sete cidades do Grande ABC possuem juntas 200 linhas de ônibus municipais. 

Após decreto de Doria, estabelecimentos comerciais fecham as portas 

Em meio a pandemia mundial do novo coronavírus, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou no último sábado (21), que as 645 cidades do Estado, incluindo Mauá, deveriam entrar em quarentena de 15 dias a partir desta terça-feira (24). Com isso, todos os estabelecimentos comerciais que não prestam serviços essenciais à sociedade, fecharam suas portas. A medida, que deve durar pelo menos até o dia 7 de abril, podendo ser renovada, caso necessário.

Em Mauá, foram fechadas feiras-livres, salões de beleza, boates, danceterias, lojas de eletrodomésticos, eletrônicos, roupas, calçados, acessórios e perfumarias, entre outros. O Mauá Plaza Shopping, principal centro comercial do município, também integra a lista, conforme determinação anterior do governador do Estado. A medida em relação aos shoppings deve valer, pelo menos, até o dia 30 de abril.

Comércios como cafés, bares, lanchonetes, restaurantes, pizzarias, lojas de autopeças, construção, elétrica e similares, estão obrigados a manter suas portas fechadas para atendimento presencial. Entretanto, estes estabelecimentos podem seguir funcionando por meio de serviços delivery.

Já supermercados, açougues, farmácias, pet shops, postos de gasolina, lojas de conveniência, distribuidoras de gás, distribuidoras de água, padarias, casas lotéricas, bancos, bancas de jornais e clínicas odontológicas (somente para atendimentos de urgência) estão autorizadas a continuar abertos, desde que os atendimentos ao público sejam realizados de forma fracionada. Comércios de reparo, como oficinas mecânicas e borracharias também podem seguir abertos neste sistema.

No sábado, o prefeito Atila Jacomussi (PSB), já havia autorizado que a GCM (Guarda Civil Municipal) e fiscais da Prefeitura percorressem áreas da cidade onde há concentração de bares, botecos, danceterias e locais de aglomerações de pessoas, para instruir os comerciantes e a população. 

Outras ações 

Na segunda-feira (23), três lavatórios públicos foram abertos em locais de grande fluxo para servir a população. Os equipamentos são instalados em containers e oferecem sabonetes e antissépticos para que o munícipe possa se higienizar, além de toalhas de papel. Os lavatórios estão localizados na Praça 22 de Novembro, na interligação entre o terminal rodoviário e o de trens da CPTM, e na saída do Terminal Central de Mauá.

Além disso, o prefeito Atila Jacomussi se reuniu, nesta terça-feira, com representantes de hospitais particulares da cidade e secretários municipais para discutir a possibilidade de ações em conjunto no combate ao coronavírus. O socialista já havia assinado um decreto que permite a compra emergencial de remédios, EPIs e insumos para a saúde e também a solicitação de leitos a hospitais particulares. Ainda na terça, o chefe do Executivo mauaense anunciou em uma live, nesta terça-feira, que os supermercados da cidade serão fiscalizados para evitar a cobrança de preços abusivos em seus produtos. O socialista ressaltou ainda que, nestes estabelecimentos, os funcionários devem usar EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual) e não poderão deixar acontecer aglomeração de pessoas nos caixas ou em áreas externas.

Também na terça, uma equipe da Secretaria de Promoção Social acolheu pessoas em situação de rua que fazem parte do grupo de risco ao contágio e as levaram para o Centro Pop, onde elas puderam se higienizar e se alimentar.

De acordo com dados da Prefeitura Municipal disponíveis até o fechamento desta edição e divulgados na terça-feira, Mauá conta com dois casos confirmados da Covid-19, 132 suspeitas e 18 descartados. O município ainda não registrou mortes pela doença.