Denúncias do Juiz João desencadearam processo de investigação do GAECO e da Polícia Civil em Mauá

Por Portal Opinião Pública 18/06/2020 - 10:09 hs
Foto: Divulgação
Denúncias do Juiz João desencadearam processo de investigação do GAECO e da Polícia Civil em Mauá
Juiz João Veríssimo apontou possíveis irregularidades na construção de Hospital de Campanha de Mauá

Motivados pela denúncia, GAECO e Ministério Público fazem busca e apreensão na Prefeitura, nas casas do prefeito e do secretário de Saúde e na sede da Atlantic e encontram elementos que apontam fortes indícios de irregularidades na contratação do Hospital de Campanha

Há cerca de um mês, quando Mauá anunciou que a empresa contratada para gerenciar o hospital de campanha da cidade seria a ONG Atlantic, o advogado e juiz de Direito aposentado João Veríssimo entrou com denúncia ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e ao Ministério Público sobre possíveis irregularidades e superfaturamento no contrato entre o município e a empresa.

“Denunciei o prefeito, pois Mauá não pode mais ser refém da mentira e da corrupção. Vi as irregularidades, um hospital de campanha 700% mais caro do que o de Santo André e com quase 100 leitos a menos. Isso precisava ser investigado”, afirma Juiz João, como é popularmente conhecido.

Ao pesquisar sobre a empresa, João descobriu que a organização estava envolvida em um esquema bilionário de corrupção com outras duas instituições - a Ocean Serviços Médicos Ltda. e a Gamp (Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública) -, esquema este que foi desvendado em outra ocasião pelo Ministério Público. O elo entre as corporações é o Dr. Gilberto Alves Pontes Belo, apresentado pelo prefeito Atila Jacomussi como integrante do Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavírus na cidade. “São diversas as notícias e informações que ligam a Atlantic ao Dr. Gilberto que, além de ele ter sido apresentado pelo próprio prefeito como integrante do grupo de gestão da crise da Covid-19 em Mauá, é também tio da jovem de 21 anos que é indicada como dona da Atlantic. Eu não poderia ver isso tudo e ficar de braços cruzados”, completa.

Tantas irregularidades foram vistas pelo próprio Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, responsável pelo caso, como fortes indícios de “organização criminosa pautada para desvio de recurso público. O prefeito está envolvido em outros casos que devem ser considerados crimes hediondos”. 

Relembre o caso 

A ONG Atlantic é suspeita de crime organizado por fazer parte de grupo investigado por desviar recursos da Saúde em outros estados. A contratação foi firmada pela Prefeitura de Mauá no dia 9 de abril e tem valor total de R$ 3.239.700,00 somente para o serviço de gerenciamento do Hospital de Campanha. No mesmo dia, a Prefeitura já havia empenhado o valor total da contratação e no dia 13 efetuou o pagamento de R$ 1 milhão, antes mesmo do equipamento estar pronto.