"Atila Jacomussi nunca fez nada. A única coisa que ele fez foi ser preso e envergonhar nossa cidade", afirma Donisete Braga

Por Portal Opinião Pública 25/06/2020 - 09:55 hs
Foto: PMM / Divulgação
Em entrevista, Donisete Braga relembra suas conquistas na saúde, educação e transporte

 

"Atila Jacomussi só pintou de amarelo o que eu construí no meu governo. Fiz muitas obras e quero fazer muito mais", completa

Prefeito de Mauá entre 2013 e 2016, Donisete Braga está de volta. Agora no PDT, o ex-chefe do Executivo mauaense voltou a ratificar sua pré-candidatura ao Paço Municipal, nas eleições deste ano, em busca de uma nova oportunidade para continuar o trabalho que fez durante seu mandato frente à Prefeitura de uma das maiores cidades do Estado.

Em entrevista ao Jornal Opinião Pública, Braga afirmou estar mais maduro e preparado para encarar o desafio de comandar o município, mesmo em um momento delicado, em que a pandemia do novo coronavírus trará consequências ainda imensuráveis para os próximos anos. O pedetista também não poupou críticas ao atual prefeito, Atila Jacomussi (PSB), e a sua gestão, que se encerra em 31 de dezembro deste ano e voltou a garantir que sua situação eleitoral está totalmente regularizada, ao contrário do que alguns adversários têm dito. “Sigo tranquilo e de cabeça erguida. Reafirmo que sou sim pré-candidato pelo PDT à prefeitura de Mauá”, afirmou. 

Confira abaixo os principais pontos da entrevista com o ex-prefeito onde ele fala sobre sua motivação para a disputa eleitoral deste ano, aponta suas principais conquistas enquanto chefe do Executivo mauaense, faz críticas a atual gestão, aborda quais impactos da pandemia de Covid-19 em Mauá, entre outros assuntos. 

Motivação para voltar à disputa eleitoral em Mauá e conquistas ao longo de sua gestão. 

Por toda conjuntura que Mauá tem vivenciado. Eu não gostaria, neste momento, de estar fazendo nenhuma análise negativa da gestão do prefeito Atila Jacomussi. Agora, é lamentável verificarmos nesses quatro anos um governo sem gestão, um governo que, concretamente, pintou de amarelo as principais obras que deixei, como o CEU da Educação e o CEU das Artes no Parque das Américas, o CEU da Educação no IV Centenário, as três escolas municipais, uma no Campo Verde, outra no Parque das Américas e a terceira no Jardim Araguaia, para citar obras importantes que deixamos, praticamente concluídas.

E uma que eu classifico como fundamental foram minhas idas a Brasília, onde conquistamos recursos para fazermos a reforma do pronto-socorro do (Hospital) Nardini. E eu quero carimbar, porque na época o ministro era o Arthur Chioro e a minha secretária de Saúde era a Lumena Furtado. Fizemos várias agendas, Mauá precisou ser credenciada para que tivesse o recurso para o Nardini e assim, nós conquistamos, e se hoje o Nardini está tendo as reformas, toda a transformação física do espaço, é graças também a isso. E o ponto que casa com tudo isso é a Faculdade de Medicina. Nossa cidade foi aceita no credenciamento e logo em seguida a Uninove se apresentou para que se fizesse a gestão da faculdade de Mauá. Conseguimos estruturar várias ações e iniciativas que nossa cidade não tinha.

Se formos fazer uma retrospectiva do que deixamos quase pronto ou concretizado, (as ações) foram fundamentais para a cidade. Quero destacar também a estação de tratamento de esgoto, que começou no governo do Leonel (Damo, entre 2006 e 2008), passou pelo do Oswaldo (Dias, de 2009 a 2012) e nós concretizamos. É importante quando se dá sequência a obras estruturantes como essa. E a dívida do município. Depois de 22 anos, a dívida do córrego Corumbé, no Jardim Zaíra, da época de governo do Amaury Fioravanti, que tinha indicadores de juros da moeda francesa. Conseguimos repactuar e reduzir a dívida.

Nós aproveitamos também o potencial da UFABC e fizemos um convênio, que originou a Escola Preparatória e com isso priorizamos os alunos da rede pública. Formamos quase mil alunos e muitos deles conseguiram ingressar nas universidades do ABC e de São Paulo. Essa é uma política que vale a pena reforçar e voltar pra cidade.

Também peguei, no primeiro ano de governo, a questão dos R$ 0,20 na tarifa do transporte. Enfrentamos o debate e não só tiramos os R$ 0,20 como concedemos o transporte gratuito para 27 mil estudantes na cidade. Fomos invertendo as pautas, de forma qualificada, com diálogo e gestão.

Nós pensamos a cidade com olhar a curto, médio e longo prazo (...). Todo esse histórico que eu fiz é que me dá a certeza e a convicção de colocar meu nome enquanto pré-candidato para fazer esse debate com a sociedade. 

Críticas a gestão atual. 

Infelizmente o governo Atila não conseguiu estabelecer uma política que também tivesse esse olhar (de curto, médio e longo prazo). Nós tivemos casos de polícia, o prefeito ficou preso por duas vezes, quase 100 dias a cidade ficou sem um gestor, a vice assume e há todo um conflito de relação e nas idas e vindas quem mais perdeu foi o povo de Mauá (...). E depois de isso tudo, o prefeito poderia ter aprendido a lição com a questão do desvio do dinheiro da merenda, ele continua cometendo erros em nossa cidade. 

Críticas à atuação do prefeito diante da Covid-19. 

Não foi falta de alertá-lo. Se pegar minha página no Facebook, dia 30 de janeiro foi minha primeira manifestação em relação a Covid-19. Fui o primeiro a cobrar que ele pudesse cumprir os protocolos da saúde. Aí veio a questão do Hospital de Campanha. Todos os prefeitos fizeram uma gestão importante na questão financeira. Nós indicamos que ele fizesse o Hospital de Campanha no Ginásio Celso Daniel. Ele não faz no Celso Daniel. Faz um hospital de 30 leitos apenas e Mauá tem 500 mil habitantes. Ele superfatura o hospital, porque os indícios da diferença do valor, ele pagando R$ 7,5 mil por leito e Santo André paga R$ 1,5 mil, têm uma disparidade gigantesca. Depois disso ele contrata uma O. S., paga R$ 3 milhões e sequer tem o cuidado de verificar se essa empresa tem CNPJ em dia, se ela tem endereço em dia, a questão do grau societário que é completamente delicado, porque o dono da O. S. já foi denunciado em outras gestões de outros municípios. Aí ele traz uma sobrinha de 21 anos para ser a gestora da Organização Social. Então você verifica que há indícios extremamente delicados com relação à gestão da saúde.

Em Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, os prefeitos fizeram gestão com relação à Covid-19. Eles foram para a linha de frente, mas com responsabilidade, com políticas públicas. O prefeito Atila só ficou acompanhando tapa-buraco na cidade e entregando máscaras, meramente num processo eleitoral. Nossa cidade, só foi para a faixa laranja porque o governo do Estado subdividiu a região e Mauá entrou nos indicadores das três cidades que eu mencionei, porque se fosse entrar nos indicadores de Mauá, certamente estaríamos na faixa vermelha. Eu temo muito que em função da irresponsabilidade, da falta de gestão do prefeito Atila, teremos reflexos danosos para o próximo período. 

Impactos da pandemia de Covid-19. 

A população está sentindo isso na pele. Não é a toa que hoje temos pessoas passando necessidade, não é a toa que muitas pessoas estão desempregadas, não é a toa que a empresa que produzia a economia da cidade deixou de produzir. Então, esses efeitos vão acontecer diretamente nas finanças da população. Quando falo em transparência da coisa pública, o diálogo é fundamental. Diante de toda essa pandemia, por ter sido prefeito e vivenciado uma situação financeira difícil, é que me sinto preparado, sem demérito aos demais pré-candidatos, para organizar a máquina pública. É nesse contexto que eu trabalho, até porque teremos um déficit financeiro enorme. 

Força do partido e discussão do projeto junto à população. 

O PDT é um partido forte no país e organizamos uma chapa forte de pré-candidatos a vereadores. Temos vários perfis na cidade e a partir do mês que vem vamos iniciar as discussões sobre o nosso programa de governo. Vamos conclamar a população para participar, mas concretamente apresentar algo plausível sobre nossa realidade, sem deixar de ouvir as pessoas. Temos que fazer um diagnóstico da cidade, sobre o que temos hoje, e do que podemos apresentar para os próximos quatro anos. Estou muito tranquilo em fazer esse debate. Temos uma parcela significativa de pessoas que está descontente com esse modelo de gestão do Atila, uma gestão que não existe, uma gestão sem referência. Queremos, a partir daí, começar a discutir em cada bairro da cidade as políticas públicas para educação, cultura, lazer, transporte coletivo, enfim, todos os temas que a cidade exige. 

Mensagem para os eleitores. 

Eu peço para o eleitor de Mauá que ele dê uma nova oportunidade. Com a oportunidade que eu tive, hoje eu consigo enxergar os aspectos que eu errei e o que nós acertamos. Eu me sinto hoje mais maduro para poder fazer uma boa gestão e para avançar mais do que avançamos na nossa cidade. Quero fazer uma gestão onde a máquina seja eficiente, onde não tenha corrupção através de fiscais da Prefeitura, ter um respeito com os servidores públicos, avançar no transporte coletivo. Então, quero essa oportunidade porque me sinto mais preparado para fazer uma boa gestão a partir de 2021.