Não bastassem os problemas de saúde que a pandemia de Covid-19 trouxe para o Brasil, outras áreas tem sofrido bastante em meio a essa crise. E talvez a mais importante delas seja a educação. Recentemente, completou-se 100 dias da suspensão das aulas presenciais nas instituições de ensino do país, como forma de frear o contágio do novo coronavírus. Porém, se por um lado a medida surte efeito em termos de saúde, por outro ela complicou o ano letivo de muita gente, especialmente dos mais pobres que estudam em escolas públicas.

Segundo um levantamento feito pelo portal G1 junto às secretarias estaduais da Educação, apenas 15 de 25 estados que implantaram o sistema de aulas à distância têm feito um monitoramento dos alunos que aderiram ao estudo de forma remota. E pior: nem todos os estudantes são capazes de acompanhar as aulas, já que a grande maioria sequer possui acesso decente a um computador, celular, tablet ou qualquer dispositivo por onde seria possível acompanhar as aulas, e tampouco à internet. E quando tem, muitas vezes precisa dividir com um irmão, que também precisa estudar, ou com os pais, que necessitam trabalhar.

Essa situação expõe o quanto a desigualdade social acaba sempre prejudicando os mais humildes, aqueles que têm menos posses e condições. Ainda que a situação que vivemos atualmente é completamente atípica em muitos sentidos, ela escancara o fato de que quem mais sofre sempre são os mais pobres, em qualquer sentido. Por isso, qualquer trabalho para diminuir a desigualdade é mais do que bem-vindo, é essencial para garantir melhores oportunidades para mais pessoas.