Editorial - Irresponsabilidade e tragédia

Por Portal Opinião Pública 06/08/2020 - 13:50 hs
Foto: Reprodução / Folha PE / STR / AFP

As chocantes cenas da explosão de um armazém na zona portuária de Beirute, capital do Líbano, ainda estão frescas. O incidente, ocorrido na terça-feira (4), parecia até cena de filme: um prédio, aparentemente em chamas e envolto por fumaça, de repente explode completamente. Porém, infelizmente, a cena foi bem real.

Os relatos de quem estava na região são assustadores. Prédios a 10 km de distância do local da explosão tiveram suas vidraças estilhaçadas. Ruas, a uma distância considerável do porto de Beirute, também sofreram com o ocorrido e fizeram parte do rastro de destruição causado pelo estouro. E por que isso ocorreu? Aparentemente, por negligência.

Segundo as primeiras investigações do governo libanês, a explosão foi ocasionada pelo armazenamento incorreto de 2.750 toneladas de nitrato de amônio em um dos galpões do porto. Tal substância, que é utilizada majoritariamente como fertilizante e que possui um alto poder explosivo – tanto que também é usada para a confecção de explosivos, estaria no local desde setembro de 2013. E nesse período, ainda de acordo com informações vindas do Líbano, houve pedidos para que o material tivesse um novo destino ou fosse vendido ou doado ao exército local. Os responsáveis pelo porto, porém, nunca fizeram nada a respeito. E o saldo disso foram mais de 100 mortos e mais de 5000 feridos.

Nesta quarta-feira, o governo do Líbano determinou a prisão domiciliar dos responsáveis pelos setores de armazenamento e segurança do porto. Entretanto, a tragédia já está consumada pela irresponsabilidade de alguns, em estocar uma substância tão perigosa, que afetou milhares de pessoas.