Sal: vilão ou mocinho?

Por Luiz Marcelo Pierro 30/11/2017 - 11:18 hs

No mês passado, a Organização Mundial da Saúde - em seu periódico, mudou sua orientação com relação ao sal. Em uma publicação, a OMS informou que “os adultos deveriam consumir menos de dois gramas de sódio por dia”, o que significa uma colher de chá rasa de sal ou até cinco daqueles populares sachês de um grama, encontrados em restaurantes. A título de comparação com aquilo que foi orientado, o brasileiro consome cerca de 12g/dia de sal, atualmente.

Mas qual é o real perigo do sal? Bom, para entendê-lo é preciso voltar um pouco no tempo. Assim, saberemos como essa substância se popularizou ao longo do tempo.

Na época do Império Romano, o cloreto de sódio – também conhecido hoje como sal de cozinha, era utilizado como cédula de pagamento aos trabalhadores. Essa prática, inclusive deu origem a palavra salário. Com o sal passou a se popularizar e logo foram descobertos alguns benefícios que ela poderia trazer. O sal é, por exemplo, um ótimo conservante de alimentos, além de nos auxiliar no controle do equilíbrio liquido de nosso corpo. A substância também permite a contração muscular, participa da regulação do ritmo cardíaco e contribui para os impulsos nervosos do cérebro.

Porém, não são apenas benefícios que ele nos traz. O consumo excessivo da substância pode causar hipertensão, doenças cardíacas e retenção de liquido, além de atrapalhar a absorção de cálcio.

Com o passar do tempo, novas formas de produção de alimentos foram descobertas e a industrialização passou a se tornar cada vez mais popular. E com isso, o uso do sódio aumentou. Hoje, vários produtos passam por processos onde o sal é fundamental, fato que aumenta sua concentração em alguns deles. Os campeões nesse quesito são o macarrão instantâneo (4,6g de sal), o caldo de carne tablete (4,8g de sal), o caldo de legumes (5,6g de sal), o tempero para arroz (6,5g de sal) e o tempero pronto frango assado (10,4g de sal).

Aliás, da quantidade total de sal que consumimos 75% vem de produtos industrializados, já que o sódio é usado como conservante. Além disso, ele está presente até mesmo em doces como, por exemplo, no leite condensado. De acordo com a ANVISA, as rotulagens de todos os alimentos devem ser padronizadas, contendo informações nas embalagens sobre a quantidade de sódio.

Já sobre os problemas que o consumo de sal em excesso pode trazer, um deles é a hipertensão. Quanto mais ingerimos sal, mais o organismo precisa diluí-lo. Essa é a causa da sede após comermos alimentos muito salgados. Contudo, esse aumento da ingestão de água pode prejudicar uma hipertensão já existente, trazendo risco ao organismo. O rim também sofre com o sal, principalmente idosos que já apresentaram alterações no órgão. A essas pessoas, a recomendação é pela adoção de uma dieta equilibrada, sem muito sal.

Além do mais, as doenças cardiovasculares são as que mais matam, e o sal está relacionado com a piora delas. Portanto, como prevenção é sempre importante, evitar o uso excessivo de sal. O mesmo vale para gestantes e mulheres no período pré-menstrual.

Recomendo que as pessoas passem a mudar o hábito de ter o saleiro na mesa, começando a substituir o sal por temperos naturais, como a cebola, o alho, a salsinha, a cebolinha, o orégano, a hortelã, o limão, o manjericão, o coentro e o cominho.

Caso fique em dúvida quanto a quantidade de sal que pode ser consumida diariamente, procure um médico ou nutricionista. Ele irá te orientar quanto aos alimentos industrializados que devem ser evitados.

Forte abraço.