LUZES DA RIBALTA, MAUÁ RIMADA

Por Portal Opinião Pública 07/12/2023 - 12:17 hs
Foto: Divulgação

J. G. Viola

Tenho saudade..., Das ruas escuras

Porém seguras, Pouco iluminadas

Nas noites enluaradas, Medo? só de assombração

Ladrão? era coisa de ficção, Tenho saudade...

Da avenida Barão, Nossa gente nas calçadas

Pessoas simples e amadas, Ainda na Barão, a paineira

Imponente, bela e altaneira, Uma das joias da coroa

Um dos símbolos da época, Dos dias de neblina e garoa

Namorando a paineira, o Viscondinho, Uniforme branco e azul marinho

Viscondinho, escolha de um caminho, Tenho saudade...

Do Santa Cecília e seu telão, Da vida imitando a arte

Capítulo de uma ilusão, Que o vento não levou

E o tempo não apagou, Tenho saudade...

Do footing no jardim, Das paqueras sem fim

Do namoro no portão, A verdadeira ilusão

Tenho saudade..., Dos bailinhos de garagem

Ye-ye-ye, hi-fi e cuba libre, Beatles, Renato e Roberto

Marcia, Eli, Juca e Gilberto, Tenho saudade...

Do domingo lindo de sol, No Cerâmica futebol

Jogos de grande rivalidade, Agitavam toda cidade

Um clássico sensacional, Independente e Industrial

E as águas do tamanduateí, Que não estão mais aqui

Correndo límpidas e transparentes, Hoje maltratadas e doentes

E ainda que eu insista, Jamais conseguirei apagar

Da memória, o tanque da paulista, Crime! Mandaram aterrar

Também tenho saudade, Das vilas e bairros da cidade

Guarani, Bocaina, Haydee, Assis, Itapeva, Augusta, Vitória, Matriz

Zaira, Magini, América, Falchi, Anchieta, Capuava, Maringá, Itapark

Lídia, Vicente, Quarta Divisão, Centenário, Sertãozinho, São João

Também não posso esquecer, A referência para Mauá crescer

Marco inicial, a velha estação, Que antes de sua ampliação

Não percebia sua beleza, Charme da engenharia inglesa

Hoje além de ver que era bela, Ainda ouço sua cancela

Mauá era isso..., Famílias que se conheciam

Famílias que se reuniam, Montanhas florestadas

Noites bem caladas, Estação, Barão, Jardim

Ginásio, cantina do Serafim, A feira e a paineira

Cinema, circos, parquinhos, Nas garagens bailinhos

Nos salões, bailões, Chuva ou sol, futebol

Tamanduateí, tanque da paulista, Pedacinhos do paraíso

Na alma do saudosista, Cidade da porcelana e scarpelinos

Com sua matriz e seus sinos, Mauá era isso...

Mauá era isso..., E isso dá saudade

Que dói e corrói, Do outrora teatro Pilar

Que quando piso no seu palco, Muito me faz sonhar

Com um nó engasgando, Do Ataulfo discordando

Éramos felizes e sabíamos! Dor no peito e quase chorando

Vejo as luzes da ribalta, Rapidamente se apagando

As cortinas fechando, Mauá nossa Mauá

Está chegando a hora, Estamos indo embora...

José Gilberto Viola, nascido em Mauá. Primário: Escolinha dos Alemães e Grupo Viscondinho. Ginasial: GEVM formado em 1966. Médio/Superior: Senador Flaquer, PUC. Profissionalmente obrigado a mudar de Mauá em 1973, voltou em 1981/82. Reside em Espírito Santo do Pinhal desde 1983, cidade que o acolheu como filho, eleito várias vezes para o Legislativo, sendo três vezes presidente da Câmara Municipal. "Pinhal é a minha Mauá dos anos sessenta com seus 45.000 habitantes", comenta. Com Mauro Tibério, pianista da Rede Vida, programa Bella Italia, parceiro de festivais universitários, cidades do interior e até TV fizeram uma música para Mauá que gostariam de mostrar aos mauaenses. Seu amor à cidade sintetiza numa frase que vive repetindo: "saí de Mauá, mas Mauá não saiu de mim".