A síndrome do olho seco em cães

Por Dra. Carla Rodrigues Paes 13/05/2020 - 09:44 hs

 

Diariamente, escutamos em nosso consultório, falas de donos de pets como “o Billy tem muita secreção nos olhos, mas é normal, já está velhinho, né doutora?”; “o olho dele fica bem vermelho e ele coça bastante, será que é conjuntitivite?”; “o olho dele tem uma secreção, mas pingo um colírio que tenho em casa e melhora, mas depois volta tudo de novo. O que será que é?”; “doutora, acho que meu cachorro está com conjuntivite, será que posso pegar também?”.  

Todos esses sinais que abrangem secreção ocular, vermelhidão, inchaço, coceira e desconforto, podem indicar uma doença muito comum em cães chamada de ceratoconjuntivite seca, popularmente conhecida como a síndrome do olho seco. 

Trata-se de uma doença em que as glândulas que produzem a lágrima são afetadas - geralmente associada à inflamação intensa - diminuindo sua produção ou sua qualidade. Não é uma enfermidade zoonótica, geralmente progressiva, comum na população canina, principalmente nos idosos, pode ou não estar correlacionada com outra doença. Essa afecção crônica não tratada predispõe a lesões graves na córnea e sequelas que podem levar a perda da visão.  

Para identificar a doença alguns testes oftálmicos devem ser feitos para avaliar a quantidade e qualidade da lágrima, assim como suas complicações. Após avaliação minuciosa, é possível a programação do tratamento mais eficaz para o paciente.  O tratamento clínico deve ser realizado de maneira contínua sempre supervisionado pelo oftalmologista de seu pet, sendo indicada a cirurgia em casos mais graves. É totalmente contraindicada a aplicação de qualquer colírio sem indicação médica, pois o problema pode ser agravado. 

Além de testes oftálmicos, uma avaliação clínica completa deve ser feita para descartar alguma doença de base que esteja causando o olho seco. Algumas doenças infecciosas, como por exemplo a cinomose, doenças metabólicas, endócrinas, autoimunes, intoxicações, entre outras podem estar associadas a sindrome.  

Raças como Pug, Shihtzu, Lhasa Apso, Yorkshire, Cocker Spaniel e Schnauzer possuem predisposição para a afecção. Sendo assim, recomenda-se avaliação ocular precoce desses animais para evitar consequências e lesões devido a baixa lubrificação ocular.  

Caso seu cão apresente sinais compatíveis com o olho seco, procure seu veterinário oftalmologista para avaliação completa e início de um tratamento precoce e eficaz. 

Dra Carla Rodriguez Paes 

Formada em Medicina Veterinária na Unesp Araçatuba - FMVA

Residência em cirurgia geral pela UNESP Araçatuba - FMVA

Pós graduação em Oftalmologia pela Anclivepa-SP

Mestranda em Cirurgia e Oftalmologia na Usp-FMVZ

Atende como Oftalmologista e Cirurgia em Mauá na Clínica Veterinária Espaço Vet Napoleão