Bird Box, Michelle Bolsonaro e a atenção às pessoas com necessidades especiais

Por Renan Dantas 25/03/2019 - 16:00 hs

Lançamento da Netflix e quebra de protocolo da primeira-dama nos leva à uma reflexão sobre a realidade vivida por quem necessita de cuidados individuais. 

O final de 2018 e começo de 2019 nos chamou atenção para situações que devemos ficar atentos: de que forma as pessoas portadoras de necessidades especiais estão sendo tratadas em nossa sociedade? Quais as prioridades e políticas de governo que estão sendo aplicadas para o bem-estar desses indivíduos? Estamos capacitados para ajudar no suporte necessário para que esses cidadãos se desenvolvam como pessoas, profissionalmente e em suas relações interpessoais?  

O filme Bird Box, lançado pela Netflix em dezembro de 2018, mais do que o próprio roteiro  do suspense em si, revela que apenas às pessoas que não conseguem ver, sobrevivem à doença (ou àquelas que fazem de tudo para não ver). Para alguns, um término sem sentido ou sem uma explicação tradicional, como daqueles filmes que já sabemos e deduzimos o final. Mas, a conclusão que se deve tirar e que para muitos é imperceptível, é que pessoas com necessidades especiais, independentemente qual seja, merecem um tratamento igualitário em nossa sociedade, assim como qualquer outra que não necessita de cuidados especiais. 

Façamos uma breve reflexão de como seria Bird Box 2: um povoado em que mais de 70% de sua população é cega. Se trouxermos esse fato a nossa realidade, a concepção de mundo a qual vivemos atualmente mudaria drasticamente. Haveriam outros mecanismos de comunicação, o ensinamento nas escolas seria diferente, a infraestrutura seria ainda mais acessível e adaptada, entre outras mudanças. Mas, ainda estamos longe de transformar esse imaginário em realidade, muito se deve pelo fato de não estarmos devidamente preparados e educados para saber lidar com pessoas portadoras de necessidades especiais. 

11 dias após Bird Box ser lançado, propriamente na posse do presidente Jair Bolsonaro, a primeira dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, quebrou o protocolo e fez um discurso que ficará marcado na história: primeiro pelo fato de discursar antes do presidente da república; segundo, pelo motivo do discurso ser realizado em Libras (Língua Brasileira de Sinais); terceiro e, talvez o mais importante, assegurar que todas as pessoas com deficiência “serão valorizadas e terão seus direitos respeitados”. 

Michelle é uma mulher simples, discreta e que se destaca nas causas sociais, inclusive, é fluente em libras e intérprete da língua de sinais durante os cultos que participa. Seu discurso, externa mais do que uma vontade própria, mas uma necessidade brasileira: é indispensável darmos atenção e tratarmos a pessoa com deficiência da melhor forma possível, mais que isso: por desempenhar uma função notória, a primeira dama trabalhará por políticas públicas voltadas aos deficientes, isso representa uma perspectiva de melhora não só da vida dos portadores de necessidades especiais, como também de seus familiares. 

Tanto o filme quanto o discurso estão interligados: um voltado aos deficientes visuais, o outro aos deficientes auditivos, em que ambos prestigiam pessoas que normalmente já resistem a preconceitos e discriminações em seu dia a dia. E sim, eles merecem ser reconhecidos, merecem ser estimulados para a vida, merecem sobretudo, respeito, afinal, eles são gente como a gente.    

Renan Dantas é jornalista, 23 anos, recém-formado pela Universidade São Judas Tadeu

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