Gente de Opinião: a história de Jair da Farmácia

Por Portal Opinião Pública 29/02/2024 - 10:08 hs
Foto: Divulgação
Gente de Opinião: a história de Jair da Farmácia
Aposentado, Jair planeja escrever livro

Por muito tempo, farmacêuticos e donos de farmácias foram grandes referências para grande parte da população em termos de saúde. A qualquer sinal de doença, eram esses os profissionais consultados para resolver as mais diversas situações. De uns tempos para cá, entretanto, essa realidade mudou. Com a expansão da oferta de equipamentos de saúde, sejam eles públicos ou privados, as farmácias de bairro viram esse status diminuir. Ainda assim, quem já foi referência nesta área em algum momento, continua sendo requisitado. E esse é o caso de Jair de Oliveira, ou o popular Jair da Farmácia, que ajudou a tratar milhares de pessoas em Mauá ao longo de muitos anos.

A história de Jair da Farmácia com Mauá começa quando ele tinha apenas seis anos. Mineiro da região de Ouro Fino, ele veio para a cidade ainda muito pequeno, em 1952, época em que, inclusive, o município sequer havia sido constituído (conquistou sua emancipação dois anos depois, em 1954), para morar na região da Vila Vitória. Sua vida giraria em torno do bairro.

Quando criança, o pequeno Jair trabalhou como engraxate e em uma banca de jornais, antes de ser admitido em uma farmácia no centro da cidade. Porém, ele não começou no estabelecimento como atendente e sim limpando o local para o antigo dono, o senhor Laurindo. Algum tempo depois, Laurindo convidou Jair para que ele começasse a exercer outras funções, passando a ensiná-lo tudo sobre o ramo.

Com o conhecimento adquirido em anos de trabalho e também em um curso de oficial de farmácia (equivalente a um curso técnico na área) que durou cerca de três anos, Jair decidiu montar seu próprio negócio ainda muito jovem. E como não poderia deixar de ser, sua primeira drogaria foi criada no bairro onde morava, primeiro na Avenida da Saudade e depois na Avenida Dom José Gaspar.

A dedicação ao ramo farmacêutico foi tão grande que em pouco tempo Jair e sua farmácia se tornaram referências. Ele por seu atendimento e o estabelecimento como ponto de referência de localização dentro da cidade, fato que lhe orgulha muito. Já sobre o tempo atuando na área (foram mais de seis décadas), ele lembra como era bastante requisitado. “Atendi Mauá inteirinha. Pessoas de muitos lugares me procuravam. Até hoje algumas pessoas me procuram em casa”, recorda Jair, que desde setembro está aposentado do ramo, para cuidar melhor da própria saúde.

Outra coisa da qual Jair se orgulha é de ter podido passar um pouco de seu conhecimento para quem trabalhou com ele e por ter sido, até mesmo, inspiração para alguns de seus irmãos, que também montaram estabelecimentos semelhantes em outros bairros de Mauá. “Tem gente que possui farmácia hoje e que começou comigo. Alguns se formaram (na área) e continuam trabalhando em farmácia, outros mudaram de estado”, contou.

Reconhecido por sua contribuição na cidade dentro do segmento de sua especialidade, Jair também viveu outras experiências em Mauá. Como político, ele exerceu um mandato e meio como vereador no município, seguindo até mesmo os passos de um de seus irmãos, Jaime de Oliveira, parlamentar entre 1983 e 1988. A primeira eleição aconteceu em 2012, onde ele obteve 3.462 votos. Na busca pela reeleição, contudo, Jair acabou como suplente, mas retornou à Câmara em 2019, substituindo Chico do Judô em metade do mandato.

Apesar do pouco tempo e das dificuldades enfrentadas ao longo das gestões, Jair afirma ter conseguido tocar alguns de seus projetos, ainda que admita que mais coisas poderiam ter sido executadas.

Hoje, aposentado do ramo, vem procurando cuidar de sua saúde. Isso, contudo, não impede de que ele trace novos planos. Um de seus desejos é escrever um livro sobre sua história e que contenha mensagens de famílias que foram atendidas por ele. Por fim, Jair agradece o carinho com que ainda é tratado na cidade. “Quero demonstrar minha gratidão a quem me trata com carinho, mesmo nestes tempos difíceis, em especial ao amigo Carlão (Longo)”, encerrou.