Editorial - Negligência

Por Portal Opinião Pública 26/06/2025 - 14:32 hs
Foto: Reprodução / Instagram @resgatejulianamarins

Um sonho que terminou em tragédia. Esse é o triste resumo do que aconteceu com a publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos. Desde fevereiro, a jovem fazia um “mochilão” explorando países asiáticos. Na aventura, ela já tinha passado pelas Filipinas, pelo Vietnã, pela Tailândia e estava, há alguns dias, na Indonésia, onde participava de uma trilha pelo Monte Rinjani. Entretanto, Juliana acabou sofrendo um infeliz acidente, ao despencar em uma cratera. Presa a 650 metros de profundidade, ela aguardou resgate. Porém, a ajuda nunca chegou e, após quatro dias de angústia e agonia, veio a confirmação de seu falecimento, nesta terça (24), em um episódio em que a negligência em vários sentidos acabou sendo responsável por um óbito totalmente evitável.

Segundo relatos de familiares e da imprensa local, a trilha da qual Juliana participava era realizada por um guia local, o que deveria trazer algum grau de segurança para os cinco participantes. Contudo, uma série de eventos acabaria sendo fundamental para que o acidente ocorresse. No meio do caminho, a jovem de 26 anos teria parado para descansar por alguns momentos. Mas, ao invés de aguardar que ela se recuperasse, o guia seguiu com o grupo, deixando-a para trás. E sem conhecer o terreno em que pisava, Juliana acabou acidentando-se, ao tentar alcançar os companheiros. Uma série de ações descabidas por parte de alguém que deveria estar no local para garantir a integridade de quem o acompanhava.

A falta de preparo das autoridades locais também contribuiu para a morte de Juliana. Se a região é conhecida por atrair turistas dispostos a encarar trilhas perigosas, o mínimo que deveria haver na região é uma equipe especializada em resgates ou mesmo uma unidade do corpo de bombeiros, munidas de equipamentos básicos, para entrarem em ação em situações como essa. Isso sem falar em sinalização e outros itens de segurança que poderiam ter sido implantados para diminuir o índice ou mesmo evitar acidentes.

Sem toda essa estrutura, os socorristas levaram quatro dias para chegarem ao local em que Juliana estava. E como a brasileira estava sem acesso à água, comida, roupas adequadas para enfrentar as baixas temperaturas, ainda mais a céu aberto, e ainda poderia estar ferida devido a queda, era muito difícil que ela pudesse ser resgatada com vida.

A triste morte de Juliana Marins serve de alerta, não para que as pessoas deixem de participar de aventuras como essa, mas para que possam se certificar de que elas possam ser feitas com maior segurança. Mas, mais do que isso, serve também para cobrar das autoridades, em qualquer parte do mundo, mais cuidado com a vida humana.