Exposição ‘Mulheres de Luta’ adiciona novos painéis em homenagem a figuras femininas históricas em Mauá
A exposição ‘Mulheres de Luta’, aberta ao público na
Pinacoteca de Mauá, foi ampliada na noite da última quinta-feira (3) com a
adição de oito novos painéis homenageando figuras femininas importantes na
história do município. Os painéis acrescentados à mostra apresentam as imagens
e contam as histórias de Celma Maria de Oliveira Dias, Josefina Gonçalves (Jô),
Carmem Edwiges Savietto, Maria Júlia de Oliveira Lobo, Francisca Lopes Negri,
Irene Araújo da Silva e Sebastiana Augusta da Silva.
As novas telas se somam às moradoras de Mauá homenageadas
anteriormente — Celcina Pereira Fernandes, Diva Alves e Léa Aparecida — e a
figuras de impacto global, como a ex-presidenta Dilma Rousseff e a afegã Malala
Yousafzai.
"A porta da casa da minha avó nunca era fechada",
contou Claudete Silva Pereira de Souza, neta de dona Sebastiana. "Ela é
merecedora desta homenagem porque foi uma pessoa que nunca ficou quieta e procurou
socorrer todo mundo da melhor maneira possível. Nosso sentimento, enquanto
família, é de orgulho, porque ela nos deixou uma identidade". Claudete
lembrou que a avó criou a primeira Folia de Reis de Mauá, resultado de uma
promessa feita. "Ela nos mostrou quem somos, a nossa ancestralidade, a
cultura dos nossos antepassados e nos deu um norte. O Samba Lenço, com suas
danças de origem afro, existe por causa dela".
A secretária-adjunta de Cultura de Mauá, Fátima Queiroz,
ressaltou a importância da celebração, pontuando que essa “não é uma mera
exposição, mas o resgate da história de Mauá". Já a coordenadora da
Pinacoteca, Luciana Senhoreli, reforçou. "É um prazer receber quem
representa a luta das mulheres de Mauá desde o século XIX".
Olivier Negri, filho de Francisca Lopes Negri, também
celebrou a exposição. “É muito importante resgatar a história e demonstrar o
empoderamento das mulheres da nossa cidade”.
Diva Alves destacou a importância do reconhecimento. “Fico
orgulhosa de ver que a cidade mudou para melhor porque essas mulheres lutaram.
A luta popular continua contra o racismo e o feminicídio”.
O prefeito em exercício, Juiz João (PSD), também filho de Celcina, fez um apelo às novas gerações: “Não desistam, não se deixem de lado. Não é uma luta fácil, mas vale a pena resistir, porque muita gente precisa dessa coragem”.
As novas homenageadas
Celma Dias, viúva do prefeito Oswaldo Dias, mora em Mauá
desde 1970. Formada em Estudos Sociais, batalhou por melhorias essenciais, como
abastecimento de água, coleta de esgoto, asfaltamento de ruas, unidades de
saúde e escolas. Foi fundamental na construção das igrejas Santa Clara e São
Francisco de Assis, além da criação da Sociedade Amigos de Bairro da Vila
Magini. Trabalhou em empresas na capital e no INSS, onde se aposentou em cargo
de liderança. Foi secretária de Assistência Social, Ouvidora Municipal,
secretária de Políticas para as Mulheres e vice-prefeita.
Josefina Gonçalves (Jô) é professora aposentada e mora em
Mauá há mais de 60 anos. Iniciou sua militância aos 12 anos, na Igreja São
Paulo Apóstolo. Fez parte da Juventude Católica Operária e de organizações
clandestinas contra a ditadura. Fundou o Coletivo Alumiá, responsável pelo
curso “Promotoras Legais Populares (PLPs)”. É militante pelos direitos das mulheres
e integrante de diversas frentes feministas, além de manter um quintal
produtivo baseado em agroecologia.
Carmem Edwiges Savietto (1922–1956) foi casada com Rolando
Fratti, dirigente do PCB. Candidata a vereadora em 1947 pelo PST, indicada por
Luís Carlos Prestes. Presidiu a União de Mulheres Democráticas (UMD) e foi
presa durante a repressão. Lutou pela construção de hospitais, creches,
ambulatórios e pelo direito das mulheres na indústria.
Sebastiana Augusta da Silva, benzedeira e referência
cultural, chegou ao Jardim Zaíra nos anos 1950. Com o compadre João Rocha e a
comadre Isaura de Assis, iniciou o grupo Samba Lenço de Mauá, hoje patrimônio
imaterial de São Paulo. Fundou a primeira escola de samba da cidade, Ordem e
Progresso (1957), considerada também a primeira do ABC.
Francisca Lopes Negri viveu no Jardim Zaíra desde 1958.
Enfermeira e educadora social, foi uma das fundadoras da primeira creche
gratuita e da associação de moradores do bairro. Criou, com Irene Araújo, a
primeira cozinha comunitária da região. Lutou por moradia, saúde e educação.
Sua família foi perseguida pela ditadura. Chegou a abrigar o ativista Betinho
em sua casa.
Irene Araújo da Silva, também no Jardim Zaíra, foi líder
comunitária no Macuco. Defensora dos direitos dos trabalhadores e das famílias
vulneráveis, criou com dona Francisca a cozinha comunitária em seu quintal.
Participou ativamente da Associação de Moradores e da Associação das Donas de
Casa.
Maria Júlia de Oliveira Lobo foi presa em dezembro de 1970,
junto com outros militantes da Ação Popular. Perdeu o emprego na Porcelana Mauá
por ajudar a organizar o 1º de maio de 1968. Ela e seu pai, José Joaquim de
Oliveira, sofreram com a repressão militar. “Hoje temos liberdade, mas ela
custou muito caro. Muitas vidas, muito sofrimento. Meu maior exemplo é Frei
Betto (Carlos Alberto Libânio Cristho), que me inspirou a contar essa história”,
afirmou à Comissão da Verdade de Mauá.
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