Reorganizando Mauá

Por Portal Opinião Pública 14/10/2021 - 09:20 hs
Foto: Evandro Oliveira / PMM - Divulgação
Reorganizando Mauá
Marcelo Ooliveira revelou que vem percorrendo a cidade e conversando com a população

Reconstruindo a cidade. Esse é o slogan que o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT) está utilizando para descrever o trabalho de sua administração durante o primeiro ano de seu mandato frente ao Paço municipal. Entrando em seu décimo mês de gestão, o chefe do Executivo mauaense afirma que o foco deste ano tem sido organizar a cidade financeiramente e também iniciar algumas ações que possam melhorar a estrutura municipal nas áreas que mais carecem de atenção com um objetivo: pavimentar o caminho para que, a partir de 2022, áreas como saúde, educação, transporte, mobilidade urbana, segurança, cultura, lazer, entre outras possam ser contempladas com maiores investimentos.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opinião Pública, Oliveira explicou como a cidade está sendo reorganizada, quais foram os principais desafios de sua gestão até aqui, como estão as projeções para 2022 e o que ainda precisa ser feito para que Mauá volte aos trilhos. 

Jornal Opinião Pública – Como o senhor encontrou a cidade em termos financeiros, estruturais e de moral da população ao assumir o Paço em janeiro deste ano? 

Marcelo Oliveira – Quando assumimos o mandato em janeiro essa sala onde estamos hoje (gabinete do prefeito) era um retrato da cidade. As cadeiras todas rasgadas, paredes sujas, no dia da posse o ex-prefeito não veio para fazer a transmissão (de cargo) e não colocou ninguém para isso. Teve uma funcionária que se sensibilizou e cancelou sua viagem para poder fazer a transmissão da posse para nós. Era o retrato que encontramos (...). Quando vamos para as contas, temos em média de R$ 165 milhões de dívidas de curto prazo. A nossa dívida consolidada está em mais de R$ 1,4 bilhão. É mais do que um orçamento (anual) por dívidas de renegociação com a Caixa Econômica pelo rio Corumbé, de INSS, precatórios... essas são as maiores. E esse período de mandato, junto aos secretários, tem sido de trabalho para colocar a casa em ordem para reconstruir a cidade. E colocar a casa em ordem é rever contratos, estudando onde serão investidos os recursos, trabalhando para fazer um PPA (Programa Plurianual) que vai considerar quatro anos, ou seja, três anos deste mandato e o primeiro do mandato seguinte, realmente organizado.

Mandamos para a Câmara e houve a participação da Casa, das secretarias com os funcionários, abrimos um site para as pessoas darem suas opiniões e foram mais de mil sugestões, e entregamos um PPA todo detalhado, com as ações e os programas que pretendemos fazer durante o mandato. E encaminhamos a LOA (Lei Orçamentária Anual), no último dia 30 de setembro, para a Câmara aprovar o orçamento para o ano que vem. Lembrando que só de déficit em folha de pagamento no orçamento do ano passado foi de R$ 60 milhões. Foi uma LOA enviada no ano passado pelo ex-prefeito totalmente equivocada. Então, nosso trabalho não é só de organizar as finanças, mas também o orçamento, porque se não temos um orçamento, como pagamos? Às vezes até temos dinheiro em caixa para pagar, mas não temos o orçamento e temos que mudar, o que dá muito trabalho. 

JOP – E o quanto a pandemia complicou o início de seu mandato, ainda mais coincidindo com o pior momento desta crise no país? 

MO – Assim que assumimos o mandato criamos um comitê de combate às enchentes, porque foi logo em janeiro e não tinha nenhum trabalho neste sentido, e um comitê para debater a questão da pandemia. E logo no início do mês, nossos leitos de UTI para Covid eram 20 no Nardini, além de 18 leitos de enfermaria. E chegou aos 100%. Mas tomamos a decisão correta de ampliar os leitos e conseguimos, em discussão com o Governo do Estado, ampliar esses leitos. Conseguimos um recurso de fundo a fundo, que dava R$ 1,44 milhão a cada dez leitos por três meses. Assim, nós ampliamos de imediato para 30 leitos no Nardini, trabalhamos e chegamos a 40 leitos no Nardini e mais 10 alugados no Hospital da Sagrada Família e ampliamos para 30 leitos de enfermaria no Nardini e alugamos mais 10 no Hospital da Sagrada Família. E nas UPAs tínhamos oito leitos e ampliamos para 11, com suporte respiratório e pneumologista. Então, tivemos um suporte muito grande e tínhamos muito mais leitos do que o Hospital de Campanha, que dizia ter 30 leitos e seis de UTI, mas que abria às 7h e fechava às 19h.

E não dá para esquecer a garra do povo da saúde, que está trabalhando até agora. Porque não foi só o tratamento da doença, teve também a vacinação. Nossa geração não pegou um momento de vacinar tantas pessoas como tem acontecido agora. A pandemia mudou muito a vida da gente, não só no governo, mas no dia a dia das pessoas. Foi um período muito duro e em nove meses de mandato, ficamos o período todo pensando em leitos, contratação de médicos, compra de remédios. 

JOP – Entrando em seu décimo mês de mandato, o que foi possível reorganizar na cidade? 

MO – Conseguimos reorganizar a parte administrativa, de contratos. Alguns ainda estão em trâmite, outras licitações devem, em um período próximo, estar nas ruas, e conseguimos organizar no sentido de rever eles (os contratos), os serviços que são prestados e o valor. Avançamos bastante nisso. Hoje, temos uma Prefeitura muito mais organizada do que tínhamos, estamos acertando as questões dos programas. 

JOP – E quais são ações que sua administração tomou até agora e como está o planejamento para os próximos anos? 

MO - Temos, por exemplo, o programa “Mauá Sorridente”, onde há reprimidas mais de 1.200 cirurgias bucais e que queremos zerar até dezembro. Estamos fazendo cirurgias até de sábado e estamos com seis unidades com atendimento odontológico. Estamos organizando também um programa que devemos chamar de “Mãe Mauaense”, que visa diminuir a mortalidade infantil na cidade que cresceu nos últimos anos, primeiro pela desorganização da cidade, e também pela pandemia. Nos organizamos também na contratação de médicos e na compra de remédios, o que será fundamental para o atendimento. E no ano que vem já devemos ter nosso cartão da saúde.

Teremos um programa, que vamos lançar no ano que vem, de informatização da saúde. Estamos mudando (a sede da Secretaria) para a (avenida) Capitão João e lá estará a secretaria da Saúde, a COVISA, a Urgência e Emergência, o CEREST. Será um espaço onde tudo estará mais próximo e organizado para atendermos melhor a população porque estarão interligadas todas as unidades de saúde, sejam as UBSs, as UPAs ou o Nardini. Teremos o prontuário do munícipe que for atendido em qualquer unidade de saúde.

Vamos voltar também, depois da pandemia, às escolas com aulas esportivas e de cultura, serviços de assistência social e de trabalho e renda para estarmos juntos com a comunidade; abrir os nossos parques, fazer a pista de caminhada da gruta, que tem em média a visitação de duas mil pessoas aos fins de semana, organizar o Parque da Juventude com pista de caminhada e atrações culturais; e continuaremos com o programa “Meu Bairro Limpo”, cuidando da zeladoria da cidade. Já passamos por vários bairros com serviços de limpeza, de pintura das ruas, de tapa-buraco, conserto de vazamento de água, poda de árvore, limpeza de bueiro, iluminação... é um programa que vamos avançar mais no ano que vem.

E vamos lançar um novo espaço chamado Centro de Proteção Animal, que terá três consultórios. Vamos ampliar o atendimento, ampliar as castrações e vamos acabar com o atendimento das pessoas na rua. 

JOP – Recentemente a sua administração conseguiu uma renegociação da dívida com o INSS. O que representa essa iniciativa pra cidade? 

MO – Nós encontramos a cidade com a nota C menos. E o que quer dizer essa nota? É o poder que você tem de endividamento da cidade e que caso você melhore, passa a poder fazer convênios e também participar de empréstimos para fazer investimentos. Queremos começar o próximo ano, trabalhando para sair do C menos para B. Mas para isso, precisamos colocar a casa em ordem, renegociar as dívidas que temos e pagá-las. E, além da nota C menos, não temos até hoje CAUC (certificado que permite a obtenção de recursos federais via convênios), que é um certificado que se compararmos com uma pessoa física, seria um atestado de que a pessoa não tem o nome no SERASA. E para chegar a essa certidão, precisamos de outras quatro que estamos ajustando. 

JOP – Como têm sido as conversas com os governos Estadual e Federal em busca de novos investimentos para a cidade? 

MO – Temos dialogado bastante com o governo do Estado. Vamos começar, por esses dias, a vicinal que é da Ayrton Senna e vai sair na Oscarito, até o terminal do Sonia Maria. Dá em média 5,5km e um investimento de R$ 6 milhões. Tivemos o diálogo no início do ano sobre os leitos de UTIs e temos conversado bastante sobre o financiamento do Nardini e de asfaltamento de algumas ruas. É uma relação boa com o governo do Estado. Vem para a cidade também o Bom Prato, que deve chegar em março. No governo Federal fui duas vezes conversar em Brasília, visitei alguns ministérios para discutir a questão dessa dívida com a Caixa Econômica, mas não avançou ainda (...). Mas estamos levando projetos, tentando recuperar recursos de alguns programas.