Dados do TCE apontam que Mauá testa somente três a cada mil habitantes contra Covid-19
Mauá é a segunda cidade da região do Grande ABC que menos testou pacientes para Covid-19 em números absolutos, além de ser a que menos realizou aferições quando é levado em consideração o número de testes realizados por 1000 habitantes, a que mais gastou por casos confirmados e a que apresenta a maior taxa de letalidade para o vírus. É isso o que revelam os dados referentes às ações realizadas em todo o estado de São Paulo contra a pandemia até o mês de junho, segundo a ferramenta “Painel COVID-19”, mantida pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP). Atualizado na última semana, o relatório utiliza informações compiladas pelo órgão e fornecidas pelas próprias Prefeituras.
Segundo o painel, Mauá havia realizado apenas 1.554 testes até o sexto mês do ano (confira os dados completos no box ao lado), segunda menor quantidade absoluta comparada aos outros municípios do Grande ABC. Somente Rio Grande da Serra, com 1.283 testes havia feito menos avaliações. No entanto, quando a conta leva em consideração a quantidade de habitantes de cada município, Mauá é disparada a que menos testou. Com 472.912 habitantes, apenas 3,28 habitantes em cada 1000 pessoas são testados contra a Covid-19 na cidade. Segundo município que menos faz aferições neste comparativo, Diadema – que possui 423.884 moradores e fez 7.354 testes - realiza exames em 17,34 munícipes a cada 1000 habitantes. Mauá também fica distante da média de testes feitos em toda a região, que é de 53,61 pessoas a cada 1000 cidadãos.
Outro ponto de destaque observado no painel são os valores gastos pela administração municipal. De acordo com os números, até junho Mauá tinha pouco mais de R$ 14,4 milhões em valores liquidados – quantia gasta quando os serviços são executados – para o combate à pandemia, o que representa o gasto de R$ 17,9 mil por caso confirmado de Covid-19 na cidade. O valor é mais do que o dobro despendido por São Caetano do Sul, segundo município que mais tem custos a cada caso confirmado da doença, pagando R$ 8,63 mil. Nesta categoria, a cidade que desembolsou a menor quantia foi Ribeirão Pires, com R$ 2,66 mil por caso confirmado.
A taxa de letalidade do Covid-19 em Mauá também é superior em relação a suas vizinhas, atingindo a 17,14% dos pacientes confirmados com Covid-19. Até junho, segundo o relatório do “Painel COVID-19”, 138 pessoas haviam morrido por conta da doença ao passo que 805 casos tinham sido contabilizados. Em Ribeirão Pires, segunda colocada no quesito, essa taxa corresponde a 10,33%.
Após a publicação dos dados, os adversários do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), aumentaram o tom nas críticas a forma com que o chefe do Executivo mauaense tem conduzido as ações de combate a Covid-19 na cidade. Grande parte das cobranças ocorre diante de comparações com o que tem sido feito nas demais cidades do Grande ABC.
Para o médico hematologista e pré-candidato à Prefeitura de Mauá pelo DEM, Tchello Pierro, a situação é alarmante. O democrata destacou que a população está exposta ao vírus devido a falta de testes. “Como médico e gestor afirmo que a testagem para Covid-19 é de suma importância, pois auxilia na identificação das regiões que necessitam maior ação, além de direcionar o trabalho dos profissionais da saúde. Quando se há estratégia e planejamento é reduzido lá na frente um gasto maior, pois a tendência é uma superlotação em hospitais e Mauá, neste momento, não tem estrutura”, afirmou Tchello, acrescentando que o aparente baixo número de casos confirmados na cidade pode ser explicado pelos baixos índices de testagem.
“Não temos uma dimensão exata, diferente de outros municípios que empregaram investimento para a testagem de suas populações. Eles testaram a população o que possibilitou planejar os protocolos de combate ao coronavírus reduzindo custos e otimizando o tempo de resposta das terapias no tratamento”, disse.
O médico também questionou os gastos considerados excessivos por caso confirmado da doença. “Enquanto Ribeirão Pires gasta R$ 2.667,58 por cada caso confirmado de Covid-19, a administração pública de Mauá diz que o custo é R$ 17.970,05 por paciente. Outros municípios do ABC têm uma variação de R$ 4.314,31 a R$ 8.631, 64. Se o tratamento segue um protocolo o que inclui média de dias internado, o que leva o custo em Mauá ser tão elevado?”, pontuou.
Outro pré-candidato ao Paço, o vereador Professor Betinho também criticou os custos expostos pelo “Painel COVID-19” (leia mais na página 4).
Já o pré-candidato do PSD (Partido Social Democrático) João Veríssimo, apresentou um novo pedido de apuração no processo que ele move no Ministério Público, onde solicita a investigação da OS (Organização Social) Atlantic – Transparência e Apoio à Saúde Pública, contratada para gerenciar o Hospital de Campanha da cidade. No documento, Veríssimo também aponta os números mostrados no relatório do TCE.
“A referida contratação é cercada de indícios de irregularidades e a execução contratual tem gerado várias suspeitas, conforme painel do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo publicado essa semana, que apontou que o Município de Mauá é o que mais gasta no combate ao Coronavírus na região do Grande ABC, sendo, entretanto, município com maior letalidade entre as sete cidades e a que menos realiza testes para a COVID-19. Segundo o painel, Mauá realiza apenas 3 testes a cada 1.000 habitantes”.
Dados sobre a Covid-19 em Mauá
Em boletim informativo divulgado no início da noite desta quarta-feira (29), em suas redes sociais, a Prefeitura de Mauá informou o registro de mais cinco mortes confirmadas pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. Com isso, o número de vítimas fatais na cidade chega a 198. Já o governo de São Paulo confirma 210 óbitos no município mauaense.
Além das 198 mortes, a Prefeitura confirmou 1.900 casos de coronavírus na cidade (segundo o governo de São Paulo já são 3.504 registros confirmados no município), 4.733 notificações de pessoas com suspeita de terem contraído a Covid-19, 924 aguardando resultado e 1.909 descartados, além disso, 1.547 recuperados.
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