Como funciona um hospital de campanha

Por Luiz Marcelo Pierro 13/05/2020 - 09:46 hs
Como funciona um hospital de campanha
Hospital de Campanha de Mauá, que está funcionando na cidade desde o final de abril.

Nesta época de pandemia, muito se discute sobre os hospitais de campanha. Mas você sabe como eles funcionam? Os hospitais de campanha foram criados na época do exército de Napoleão Bonaparte. Naqueles anos, as cirurgias eram realizadas no campo de batalha mesmo e os atendimentos aos feridos ocorriam em hospitais abertos, próximos aos campos de batalha chamados de “hospital de campanha”. O fato de muito soldados serem feridos fez com que esses hospitais fossem móveis, ficando por vezes próximo ao campo de batalha. 


Com frequência, esses hospitais começaram a ser usados pela cruz vermelha internacional durante as guerras, com equipes especializadas em atendimento a múltiplas vítimas. 


No Brasil, a primeira descrição da utilização deste tipo de unidade foi em 1943, com a criação do 1º Batalhão de Saúde do Exército no Brasil, inicialmente na cidade de Valença. Devido a 2ª Guerra Mundial, o hospital foi transferido para o Rio de Janeiro.  


O nome “Hospital de Campanha” significa pequena unidade médica móvel, ou mini-hospital, que cuida temporariamente de vítimas no local antes que sejam transportados com segurança para as instalações hospitalares permanentes. Este termo é usado em referência às situações militares, mas também em situações de desastres. Um hospital de campanha é geralmente maior do que uma estação temporária de ajuda, mas menor do que um hospital militar permanente. O termo campanha faz referência e pode ser entendido como “expedição militar” ou qualquer empreendimento político ou econômico de duração determinada. 


Já nos dias atuais, os hospitais de campanha estão sendo utilizados para pacientes com o novo coronavírus. A idéia é usar esses hospitais para pacientes de baixo risco, ou médio risco, isso é, pacientes que não necessitam de cuidados de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). 


Esses hospitais não devem servir para triagem, visto que o vírus ficar no ar por até três horas, o que pode aumentar o risco de infecção em pacientes sadios. A ideia é que ocorra o diagnóstico nos serviços de saúde e, a partir daí, verificar se paciente necessita de UTI ou não. Somente depois deste procedimento ocorre o encaminhamento. Isso pode ocorrer também para drenar pacientes dos hospitais municipais e assim liberar mais leitos para pacientes que necessitam de internação em hospital e que tenham provável necessidade de UTI. Outra situação de uso deste tipo hospital é a que envolve pacientes que saíram da unidade de terapia intensiva, mas que ainda necessitam de certos cuidados. Assim, antes de irem para casa, eles são transferidos a esse hospital. 


Pela nossa experiência, os pacientes podem demorar de sete a dez dias para desenvolver complicações pulmonares. Por isso, é importante que esses hospitais tenham também toda a aparelhagem para eventuais complicações, inclusive com necessidade de intubação e ventilação mecânica. 


É importante também ressaltar os cuidados que as equipes destes hospitais devem ter. Os funcionário precisam passar por testes para saber se apresentam a doença ou não, especialmente ao final da pandemia, para se ter ideia de sua contaminação ou não. Além disso, os equipamentos de proteção individual devem ser fornecidos a todos os profissionais, e isso inclui máscara, capote, luva e botas. Ainda é necessário atendimento psicológico a todos os funcionários, visto o grande impacto provocado por esta doença nos profissionais que a atendem. 


Para maiores informações, procure o site do Ministério da Saúde que apresenta diversas orientações a respeito dos hospitais de campanha.