Cuidados básicos com os pets durante o isolamento da pandemia

Assim como nós humanos, os animais estão sendo obrigados a permanecer em isolamento social dentro de seus domicílios durante a quarentena. Isso ocorre porque mesmo não ficando doentes por Covid-19, eles podem ser superfícies de contágio para os humanos, assim como são os objetos encontrados em nossas casas ou escritórios. Por isso, muitos deles estão mais ansiosos e agitados e, assim como nós, precisam de alguns cuidados para manter sua saúde e qualidade de vida. 

Apesar das recomendações pela suspensão dos passeios nas ruas, alguns animais só fazem suas necessidades fora de casa, o que torna impossível não dar uma saidinha com eles. No entanto, alguns cuidados são essenciais para não tornar nossos pets vetores do novo coronavírus, como a higienização de suas patinhas assim que retornarem dos passeios. A limpeza pode ser feita com lenços umedecidos ou com água e sabonete neutro, próprios de uso veterinário. Evitar aglomerações de pessoas e o contato com pessoas estranhas também é primordial. 

Para combater ou minimizar um pouco a ansiedade deles, a principal dica é investir em brinquedos como bolinhas, para estimulá-los a correr. Utilizar brinquedos que mais se identificam com eles e dedicar pelo menos meia hora do dia para interagir com seu bichinho também vai ajudar bastante. Para os gatos, investir em prateleiras para escaladas ou lugares altos para eles subirem ajuda a diminuir o estresse nesse momento. 

Aliás, como os tutores estão ficando mais tempo em casa, é natural que muitos animais estejam recebendo banhos caseiros. Contudo, caso os devidos cuidados não sejam tomados, haverá o aumento de casos de otite (inflamação do ouvido) e de dermatites. Desta maneira, caso você opte por banhar seu pet, cuidados simples como tampar com as mãos as orelhas no momento de jogar água no rostinho deles e secar a pelagem por completo, com secador, evitam problemas. O uso de condicionadores, mesmo em animais de pelo curto, contribui para evitar dermatites. 

Outro ponto a ser abordado é que, mesmo ficando mais em casa, nossos animais podem pegar pulgas e carrapatos, fator que pode levar ao crescimento dos casos de ectoparasitas. Se o pet estiver em uma casa onde há infestação, precisará fazer o controle por três meses seguidos para acabar, de forma efetiva, com todas as gerações de pulga e carrapatos. É importante lembrar que pulgas geram verminoses do tipo Dipylidium, sendo necessário realizar a vermifugação logo após o controle. Em gatos, as pulgas transmitem a doença micoplasmose felina, conhecida popularmente como “doença da pulga”, que leva a anemia de branda a severa e que requer tratamentos longos. Já os carrapatos transmitem hemoparasitoses graves em cães, que geram anemia e até sintomas graves de diminuição de plaquetas e até complicações em outros órgãos. 

Além disso, manter a higiene do ambiente é essencial tanto para os humanos quanto para os bichinhos. Desta maneira, a troca frequente da água na vasilha, limpeza com desinfetantes veterinários ou neutros do espaço onde o animal vive e o uso do aspirador para retirar, de forma efetiva, os ácaros que se acumulam em móveis e geram alergias, são fundamentais. E lembrando ainda que, de acordo com a World Animal Protection, os animais não precisam usar máscaras, uma vez que esses acessórios podem interferir na respiração e causar estresse. Os animais transpiram pela boca e por isso o uso de máscaras é extremamente prejudicial, pois pode levar a hipertermia e até desmaios. 

Esse é um momento difícil para todos, mas tomando todos os cuidados físicos e mentais, com muita paciência, aprenderemos muito com a pandemia e isso tudo vai passar. 

Dra. Paula F. Freire Biason, médica veterinária, especialista em clínica médica de pequenos animais, responsável técnica na Clínica Veterinária Espaço Vet Napoleão.