Ministério da Saúde aponta necessidade de aumentar cuidados contra a dengue no país
Durante uma reunião da Sala Nacional de Monitoramento de
Arboviroses, nesta terça-feira (30), a ministra da Saúde Nísia Trindade
reiterou a necessidade de aumentar os cuidados contra a dengue no país, que
neste início de ano, tem aumentado por toda a nação.
Segundo números da pasta, apenas em 2024 foram registrados 217.481
casos prováveis de dengue, sendo 51.448 casos na semana epidemiológica 1 (31/12
a 6/1), 62.665 na semana 2 (7 a 13/1), 71.779 casos prováveis de dengue na
semana 3 (14 a 20/1) e 31.589 casos na semana epidemiológica 4 (21 a 27/1). Tais
estatísticas têm feito com que medidas sejam tomadas para controlar a
proliferação do mosquito Aedes aegypti, que além de transmitir a dengue, também
é o vetor da Zika e da Chikungunya.
“Isso é o que nós temos que ter muita clareza neste momento.
Não podemos esquecer que 75% da transmissão ocorre dentro das casas. Então, há
esse apelo para um trabalho de governo, mas também dos cidadãos, das cidadãs,
de cada família para cuidar desse ambiente”, destacou a ministra durante o
encontro, que contou com representantes do Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems),
dos secretários de saúde de Goiás, do Distrito Federal e de sete municípios
goianos que fazem parte do entorno do DF, além de equipes técnicas do
Ministério da Saúde e da representante da Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas/OMS) no Brasil, Socorro Gross.
Além do atual cenário e perspectivas de casos da doença no
Brasil, foram reforçadas as ações tomadas desde 2023, quando a pasta iniciou a
coordenação de uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses,
intensificou os esforços e reforçou a conscientização sobre medidas de
prevenção. Entre essas iniciativas está a criação de um painel de monitoramento
em tempo real dos casos de arboviroses e a própria sala nacional, que emite
alertas regionais sempre que necessário. A incorporação da vacina foi lembrada
pela ministra como uma esperança para o combate à doença, mas que não produz
impactos imediatos devido à baixa disponibilidade de doses pelo laboratório
fabricante. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no
sistema público universal.
A ministra lembrou, ainda, da importância de a população
receber em casa os profissionais de saúde e de combate às endemias. “Chamo a
atenção para o papel fundamental dos agentes comunitários de endemias nesse
controle e também dos agentes comunitários de saúde”, destacou, reforçando que
o aumento de casos requer esforço contínuo de todos os profissionais
envolvidos. “É hora de termos, juntos, os médicos, os enfermeiros, os técnicos
de enfermagem, todas as equipes de saúde mobilizadas, porque infelizmente
vivemos situações em que pode haver o agravamento (dos casos)”, convocou.
O Ministério da Saúde, estados e municípios permanecem em constante monitoramento e alerta quanto ao cenário epidemiológico do Brasil, coordenando uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, unindo esforços e trabalhando pela conscientização sobre medidas de prevenção em todo o território nacional. “Temos trabalhado juntos na estruturação da rede de atenção para cuidar das pessoas de forma adequada, para salvar vidas”, complementou.
Estratégias para combater o avanço das arboviroses
Com o início do período das chuvas e das altas temperaturas,
e diante do alerta emitido pela OMS sobre o aumento das arboviroses em razão
das mudanças climáticas ocasionadas pelo El Niño, o Ministério da Saúde
coordenou uma série de atividades preparatórias para a sazonalidade de 2024.
Em novembro, como parte das ações de comunicação
regionalizada, o Ministério da Saúde lançou novas campanhas de mobilização
social, voltadas à realidade de cada região do país e peculiaridades desse
cenário epidemiológico. Em dezembro, foi instalada a Sala Nacional de
Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real dos locais com
maior incidência das doenças. Com a medida, é possível direcionar as ações de
vigilância de forma estratégica nas regiões mais afetadas.
Outra iniciativa foi a realização da reunião nacional de
preparação para o período de alta transmissão de arboviroses, com a
participação dos 27 estados e 42 municípios. Em novembro, a pasta emitiu uma
Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e Chikungunya no território
nacional. Para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle,
o Ministério da Saúde repassou R$ 256 milhões para todo o país, em uma ação de
reforço do enfrentamento da doença. Ainda em 2023, o Ministério da Saúde
qualificou cerca de 12 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros,
para atuarem como multiplicadores para manejo clínico, vigilância e controle da
doença.
O Ministério da Saúde normalizou os estoques de inseticidas,
que estavam em situação crítica desde o início de 2023. Ao todo, foram
distribuídos 142,5 mil quilos de larvicida; 9,6 mil quilos de adulticida para
aplicação residual em pontos estratégicos; e 156,7 mil litros do adulticida
para aplicação espacial a Ultra Baixo Volume (UBV). Para 2024, foram realizadas
novas aquisições, sendo 400 mil quilos de larvicida e 12,6 mil quilos de
adulticida para aplicação residual. Todos os estados estão abastecidos com os
insumos. Para 2024, também está em andamento a pactuação de apoio assistencial
aos estados em situação de emergência.
O reabastecimento também foi possível para os testes
diagnósticos de controle da dengue: 126,04 mil reações de teste sorológico
foram distribuídas, além de 47,6 mil unidades de exames de biologia molecular.
Houve aquisição, ainda, de sais de reidratação oral, equipamentos portáteis
para contagem de hemácias e de plaquetas.
A nova gestão do Ministério da Saúde também expandiu, em
2023, o método Wolbachia como estratégia adicional de controle das arboviroses.
A pasta fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia em seis
municípios: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina
(PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), além das cidades já incluídas na
pesquisa.
Os resultados do 3º Levantamento Rápido de Índice de
Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA)
de 2023 foram apresentados recentemente. Os números indicaram que 74,8% dos
criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios, como em vasos e pratos
de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em
geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em
depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc.).
O levantamento apontou que depósitos de armazenamento de
água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do
solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço/cacimba) aparecem como segundo
maior foco de procriação dos vetores, com 22%, enquanto depósitos de pneus e
lixo têm 3,2%.
O Ministério da Saúde reforça que a principal medida é a
eliminação dos criadouros do mosquito. Daí a importância de receber os Agentes
de Combate a Endemias e Agentes Comunitários de Saúde, que vão ajudar a
encontrar e eliminar possíveis criadouros.
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