Editorial – Prevenção à catástrofes

Por Portal Opinião Pública 16/05/2024 - 16:16 hs
Foto: Diego Vara
Editorial – Prevenção à catástrofes
Chuvas no Rio Grande do Sul deixaram mais de 150 mortos

Neste espaço já foram publicados, em outras oportunidades, alguns textos que serviam de alerta sobre as consequências preocupantes que as mudanças climáticas poderiam trazer para todos nós de uma maneira geral. Pois bem. Agora, assistimos com imensa tristeza o desastre que abate o Rio Grande do Sul.

Os números que ilustram o quão grave é a tragédia gaúcha impressionam: mais de 400 municípios foram afetados pelas chuvas; mais de dois milhões de pessoas foram diretamente prejudicadas pelas tempestades, sendo que mais de 500 mil habitantes estão desalojados e quase 80 mil foram para abrigos; além disso, 149 pessoas perderam a vida, enquanto ainda há 112 desaparecidos e mais de 800 feridos.

A capital, Porto Alegre, ainda tem muitos bairros embaixo d’água, como consequência do transbordamento do Rio Guaíba, o principal do estado. A situação foi tão grave que o atual alagamento superou o ocorrido em 1941 e que era tido como o maior da história do Rio Grande do Sul. Outras cidades, como Caxias do Sul, Gramado, Canoas, Novo Hamburgo, Pelotas, Santa Maria, São Leopoldo e muitas outras, também tiveram grandes perdas.

O fato é que, ainda sendo este um evento extremo, duas coisas precisam ficar bem pontuadas: a primeira é a necessidade de se investir em prevenção. Segundo reportagem do portal UOL, na última semana, a capital Porto Alegre não investiu nada em prevenção às chuvas em 2023, ao contrário dos dois anos anteriores. Aliás, houve uma queda acentuada na destinação de verbas para o setor de 2021 (R$ 1,7 milhão), para os dois anos seguintes, 2022 (R$ 141 mil) e 2023 (R$ 0).

Ou seja, em muitos casos não há um plano preventivo para evitar ou ao menos amenizar esse tipo de situação. Se houvesse uma cultura de agir antes de um problema ao invés de depois, talvez hoje estivéssemos ainda falando de uma tragédia no estado, mas em uma proporção menor, onde menos vidas fossem afetadas.

E o segundo ponto é que as bruscas mudanças climáticas que estamos vivenciando são causadas por ação do homem. São tantas interferências na natureza, que não há como não haver consequências graves, como estamos vendo. Contudo, muito pouco é feito com intuito de parar essas intervenções, sendo que há ainda uma ala que nega esses fatos.

Já vimos nos anos recentes catástrofes semelhantes em Minas Gerais, na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Santa Catarina, no Tocantins, mas nada muda. Só muda, a verdade, o endereço das tragédias.