Na
maioria dos pacientes, os primeiros sintomas da Covid-19 são perda de olfato e
do paladar e ocorrem de forma abrupta e intensa. No caso de resfriados, gripes,
sinusite e rinite, esses sintomas também são comuns, porém acontecem de forma
transitória e reversível.
De acordo com o otorrinolaringologista Thiago
Brunelli Resende da Silva, da Santa Casa de Mauá, o que têm sido observados em
relação à Covid-19 são relatos de perda total de olfato e paladar sem retorno.
Esse quadro também é conhecido como anosmia, mesmo após o desaparecimento dos
outros sintomas (febre, tosse, dor de garganta) e criação de anticorpos pelo
organismo.
Alguns vírus respiratórios podem acometer os
neurônios e, no caso da Covid-19, a situação ainda não é totalmente clara.
“Sabe-se que ocorre uma inflamação local no epitélio olfatório que prejudica a
chegada dos odores para o órgão responsável por perceber os cheiros e gostos”,
explica o especialista.
Cerca de 90% dos pacientes com alteração no olfato
pós-Covid têm recuperação parcial ou total da capacidade de sentir cheiros e
gostos e 10% persistem com anosmia desses sentidos e, em alguns casos, pode ser
irreversível.
Segundo o médico, a qualidade de vida do paciente
com anosmia é bastante comprometida, pois aumenta o risco de acidentes
domésticos, sofrimento por não conseguir saborear alguns alimentos, não comer o
suficiente e até mesmo a desnutrição e depressão.
Além disso, esse impacto não resulta apenas no
desaparecimento total ou parcial da capacidade olfativa, mas também na
dificuldade em distinguir corretamente os odores, levando paciente a sentir
cheiros inexistentes em determinados momentos.
O diagnóstico pode ser feito por meio de testes
para verificar se o paciente consegue sentir determinados odores, exame
sanguíneo, ressonância magnética ou tomografia computadorizada do cérebro,
raio-X do crânio e endoscopia nasal.
Para reparar o quadro, o tratamento precoce é a
melhor alternativa, aliado a treinamento olfativo e medicação. Os tratamentos
conhecidos para essa alteração têm sido motivo de estudo entre médicos e
pesquisadores.
“O treinamento olfatório promove uma reabilitação
e estimula diversas regiões do nervo olfatório. É importante que o paciente
tenha foco nesses exercícios, principalmente quando reconhecer alguns cheiros
mesmo que de forma leve, pois isso o fará evoluir”, conclui Thiago.
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