A Suzantur, empresa concessionária da operação das linhas do transporte público coletivo de Mauá, negou que esteja deslocando ônibus que pertencem à frota disponível para prestação do serviço na cidade para outros municípios. A companhia é alvo de uma investigação por meio de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) proposta pelo vereador Erismar Soares Clementino, o Mazinho (Patriota), nesta terça-feira (23), através de um requerimento protocolado na Câmara Municipal.

Segundo o gerente operacional da Suzantur, Robson de Jesus Francisco, a empresa tem trabalhado com uma frota média de 226 ônibus na operação das linhas municipais. E ainda que esteja atuando com um número reduzido nos últimos meses, devido a pandemia de coronavírus, todos os veículos estão disponíveis para entrar em circulação assim que for necessário. “A frota permanece a mesma (226 ônibus), porém a operação é um pouco mais reduzida. Hoje ela está em torno de 85% da oferta”, explicou.

Sobre as denúncias realizadas por veículos de imprensa da região, dando conta de que a empresa estaria deslocando ônibus da frota mauaense para as outras cidades onde opera - além de Mauá, a Suzantur atua em mais três cidades do Grande ABC (Santo André, atendendo o sistema Vila Luzita; Diadema, onde opera oito linhas que eram atendidas pela Benfica; e Ribeirão Pires, desde o início deste ano, após adquirir a Rigras; e em São Carlos, cidade no interior do Estado - Robson Francisco pontuou que isso não tem ocorrido e que os coletivos utilizados nestes municípios foram substituídos e já não estão em circulação na frota mauaense.

“Nós tiramos os carros de 2016, 2015 e 2014, que já estavam com idade média superior ao exigido no contrato, e implementamos esses carros em outras filiais, Diadema, Ribeirão Pires... foi uma troca, na verdade, uma renovação do sistema de Mauá e aí realocamos os veículos para as outras filiais, como é feito em qualquer empresa de transportes”, argumentou.

O gerente operacional da Suzantur destacou ainda que nos últimos dois anos a empresa entregou 103 novos ônibus para a cidade, em substituição a veículos que tinham entre quatro e cinco anos de circulação. De acordo com ele, a idade média atual dos coletivos em circulação é de dois anos. Além disso, todas as mudanças são documentadas junto a Secretaria de Transportes.

“Todo o processo de renovação de frota é apresentado para a Secretaria de Transportes, bem como a exclusão dos veículos que estão sendo substituídos. Então é feito um processo de renovação e a realocação dos veículos substituídos fica a critério da empresa”, finalizou Francisco. 

Requerimento é aprovado e CEI é formada 

O vereador Erismar Soares Clementino, o Mazinho, enviou um requerimento à Câmara Municipal de Mauá nesta terça-feira propondo a criação de uma CEI para investigar a atuação da Suzantur na cidade. O documento, que precisava ser assinado por no mínimo um terço dos parlamentares, contou com a rubrica de 19 vereadores.

Além do próprio Mazinho, assinaram o requerimento os vereadores Irmão Ozelito (PSC), Anderson Simões (Podemos), Geovane Corrêa (PT), Junior Getúlio (PT), Alessandro Martins (PDT), Renan Pessoa (Avante), Wiverson Santana (PL), Jairo Michelângelo (PTB), Leonardo Alves (PSDB), Admir Jacomussi (Patriota), Zé Carlos Nova Era (PL), José Afonso Madeira (Patriota), Vaguinho do Zaíra (PSD), Eugênio Rufino (PSDB), Neycar (Solidariedade), Samuel Enfermeiro (PSB), Ricardinho da Enfermagem (PSB) e Marcio Araújo (PSD).

Com a aprovação do requerimento, a comissão que tratará da questão foi formada e será composta por três parlamentares: Mazinho (Presidente), José Afonso Madeira (Relator) e Samuel Enfermeiro (Membro). A expectativa é de que os componentes do grupo se reúnam para discussões nos próximos dias.

De acordo com o documento, o fato determinante – um dos três itens necessários para instauração de uma CEI – para o início das investigações consiste na “falta de execução do contrato de concessão de serviço público celebrado entre o Poder Executivo e a empresa Suzantur. No caso em tela, desde a gestão passada, há notícias que a disponibilização de veículos (ônibus) é insuficiente e em quantidade inferior a prevista contratualmente”.