Construção de condomínio gera reclamações de moradores da Vila Vitória

Por Portal Opinião Pública 30/09/2021 - 11:42 hs
Foto: Jornal Opinião Pública
Construção de condomínio gera reclamações de moradores da Vila Vitória
Vizinhos das obras do condomínio Morada das Torres têm se incomodado com barulhos

Moradores das ruas São Clemente e Carlos Tamagnini, na Vila Vitória, estão perdendo o sono. Literalmente. E o motivo para isso é a construção do condomínio Morada das Torres. A obra, de responsabilidade da MRV Engenharia, tem causado uma série de transtornos para a vizinhança a cerca de um ano, período de execução dos serviços até aqui. A estimativa é de que o empreendimento esteja concluído em um ano.

Segundo parte dos moradores locais, um dos principais problemas causados pela construção do condomínio é o excesso de barulho das obras, que muitas vezes ultrapassa horários tidos como “aceitáveis”, estendendo-se noite adentro. Em um vídeo gravado por um dos moradores, é possível ver a execução de serviços no terreno e o trânsito de caminhões no local pouco após as 20h, fato que tem incomodado aqueles que buscam descansar em casa após um dia de trabalho.

Entretanto, as reclamações em relação ao barulho das obras não são limitadas apenas aos dias de semana. Ainda de acordo com os moradores do bairro, em diversas oportunidades a construção do condomínio se estendeu aos fins de semana e feriados.

“Quando (a construção) chegou até o quinto, sexto andar, (a obra) começou a ultrapassar, além dos dias da semana para sábado e domingo, que são os dias em que as pessoas estavam descansando e eles começaram a trabalhar também, começou a ter um problema com os horários durante os dias de segunda a sexta. Teve dias em que tinha trabalho até 1h da manhã, meia noite, 23h”, reclama o supervisor de Trade e Merchandising, Ricardo Caetano da Silva, de 43 anos.

Morador da Vila Vitória há 37 anos, Silva relata que ele e seus vizinhos chegaram a participar de uma reunião junto aos responsáveis pela obra, o que foi confirmado por um funcionário que preferiu não se identificar. No entanto, o encontro que no entendimento dos representantes do empreendimento teria servido para alinhar os problemas e aparar as arestas sobre os problemas causados pela construção, não foi compreendido da mesma forma pela vizinhança.

“Fizemos uma reunião com eles há aproximadamente dois meses e foi passado pra gente que não aconteceria mais isso, que eles iriam trabalhar das 7h às 19h durante semana, em horário comercial, ou seja, de segunda a sexta-feira, nos sábados eles trabalhariam até as 16h e que domingo não haveria mais problemas, que eles iriam parar a obra. Mas não acontece”, contou o supervisor de Trade e Merchandising, pontuando ainda que no domingo, 19 de setembro, houve atividade no terreno.

O incômodo causado pelo barulho das obras durante o período noturno, contudo, não é o único transtorno gerado pela construção, como elencou Carlos Alberto Favoretto, 60, morador do bairro há 30 anos. Segundo ele, o excesso de pó gerado pela construção e até mesmo pedaços de concreto e construção que caem sobre as casas também fazem parte dos problemas enfrentados pela vizinhança, assim como o barulho de máquinas que faziam casas tremerem, danificando revestimentos, azulejos e telhados, além de causar rachaduras nas paredes, e a presença de betoneiras e máquinas de bombear em frente às casas.

Além disso, ele ressaltou ainda que o tráfego intenso de veículos pesados nas vias do bairro também fez com que aumentasse a incidência de buracos nas ruas. Outro ponto destacado pelo morador foi os dois dias que a vizinhança ficou sem energia elétrica.

Na busca por providências, Ricardo da Silva revela que já procurou a Prefeitura de Mauá, cobrando a fiscalização da obra, bem como entrou com representações no Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) e no Ministério Público na tentativa de encontrar uma solução definitiva para essa situação. Todavia, o caso segue sem uma resolução. “Já acionei o Ministério Público, a Prefeitura, o Crea, a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), mas nada andou”, aponta.

Ainda sobre as conversas com os órgãos públicos, Silva recorda de um diálogo com representantes do Paço que não lhe deu muitas esperanças de uma resolução breve para o problema. “Até tivemos contato com uma pessoa da Prefeitura que expôs pra gente que Mauá não tem uma regra (sobre os horários de trabalho neste tipo de obra), então a Prefeitura fica ao Deus dará. Ninguém tem regra pra trabalhar, nem a MRV e nem a Prefeitura para cobrar”, critica o supervisor que completa.

“A resposta da Prefeitura é que eles tomariam as medidas cabíveis se isso fosse uma coisa recorrente. Tivemos inúmeros chamados para eles, eu mesmo inclusive acho que já fiz seis. E o que eles fazem é mandar a fiscalização na obra, que é multada, como aconteceu duas vezes, mas não se toma uma providência (definitiva). Mas as coisas que têm de ser resolvidas, que é a questão de trabalhar no horário certo e no dia certo, não acontece”.

O Jornal Opinião Pública questionou a Prefeitura de Mauá, via e-mail, mas não obteve respostas até o fechamento desta edição.