Saúde mental: vamos falar sobre isso

Por Portal Opinião Pública 06/04/2023 - 12:05 hs
Foto: Divulgação

Dr. Luiz Marcelo Chiarotto Pierro

Nos últimos anos, estamos acompanhando uma escalada de violência associada a doenças relacionadas à saúde mental. A saúde mental se refere a ansiedade, depressão, distúrbios de personalidade, todos considerados gatilhos sociais na violência urbana. Muitas vezes, o gatilho para a doença pode ser a ocorrência de um roubo e a sensação de impotência frente ao furto, que acarreta transtornos mentais. Os roubos, por exemplo, são o registro de violência comunitária mais frequente no Brasil e a ausência de políticas públicas de prevenção e de serviços de apoio às vítimas contribui para esse agravamento. Incluído neste cenário a violência à mulher e à criança.

O Brasil avançou, mas não muito. A criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foi um avanço do Ministério da Saúde para diagnosticar e iniciar o tratamento mais precocemente possível. No papel foi ótimo, mas na prática, nem tanto. A falta de profissionais capacitados e habilitados acarretou uma série de pacientes órfãos de tratamento. Anteriormente o atendimento era realizado dentro das Unidades Básicas de Saúde.

Somado a este déficit, temos um período de pós-pandemia, onde um novo normal pode não ser tão normal assim. As divergências étnicas, políticas e sociais causaram um distanciamento entre pessoas que moram na mesma casa e a dificuldade de comunicação se tornou uma barreira para identificar os pacientes com algum tipo de doença mental.

“De médico e louco, todo mundo tem um pouco”. Será?

O termo louco não é mais usado e conhecemos hoje diversos transtornos relacionados à personalidade da pessoa. Antigamente, não tínhamos tantos testes disponíveis para diagnosticar essas patologias, mas mesmo tendo o diagnóstico em mão, o tratamento depende da adesão do paciente.

O que é necessário para mudarmos isso? Por que ainda temos pessoas sem diagnóstico? O Poder Público deve agir. A identificação de uma pessoa com qualquer distúrbio psiquiátrico, que seja violenta, deverá sim ser avaliada quanto a obrigatoriedade de medicação ou mesmo de internação. Mas a lei, em muitos casos, impede a internação obrigatória.

Há quem diga que não se justifica a violência contra a criança ou a mulher, mas na realidade, nenhuma violência deve ser justificada. A impunidade é a fatia que falta para essa escalada de violência.

É necessária uma discussão mais profunda a respeito disso e termos nas autoridades policiais a confiança de que podem evitar maiores catástrofes.

Um abraço!