Caso dos pitbulls de Mairiporã expõe descaso da justiça brasileira com os maus-tratos animais

Por Portal Opinião Pública 19/12/2019 - 11:41 hs
Foto: Divulgação

No último sábado (14), policiais civis do Paraná conseguiram resgatar diversos cães da raça pitbull que eram forçados a participar de rinhas, na cidade de Mairiporã, em São Paulo. Os animais, que eram postos para lutar entre si, foram encontrados com muitos ferimentos em um ambiente que mais parecia o de uma sessão de tortura, conforme depoimentos de quem lá esteve.

A situação era tão absurda que, além da detestável e abjeta prática das rinhas, alguns cães mortos eram assados e a carne dada para que os pitbulls sobreviventes se alimentassem. Um absurdo completo que causa dor em quem realmente busca trabalhar em prol da causa animal.

Porém, o pior problema em relação a essa história é que todos os responsáveis por este atentado contra a vida dos pobres cães estão SOLTOS, pois ainda não temos leis que punam maus-tratos animais de maneira exemplar.

Entre as pessoas (se é que podemos considerá-las seres humanos) detidas durante a ação da polícia civil paranaense, ninguém segue preso. Uma simples amostra da ineficácia da justiça quando o assunto é maus-tratos animais. No máximo, o que deverá acontecer é a cassação do CRMV (registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária) de um dos presos na ação, um médico veterinário que sequer honra sua profissão. E o pior: mesmo sem o registro, é muito provável que ele siga ativo, pois além de nunca ter usado seus conhecimentos para salvar vidas, para esse tipo de atuação ele não precisa de seu diploma.

O episódio da rinha, no entanto, não é o único que vemos. Nesta mesma época, aqui em Mauá – mais precisamente no Jardim Guapituba - resgatamos a pitbull Brenda que era usada para rinhas e procriação para venda de filhotes. Até o momento, seu algoz também não foi punido.

Esses casos somente ilustram a injustiça que vivemos. Em um país onde muitos políticos usam a causa animal como palanque para conquistar votos, sem se moverem para fazer petições ou propor mudanças nas leis, nada é feito quando punições severas são necessárias. Quando muito, um ou outro faz uma campanha de resgate, castração ou vacinação para apenas “enxugar gelo”. Lamentável, porque os que estão pagando por isso não têm voz para reclamar.

Neste domingo (22), participarei de uma manifestação, às 14h, no Vão Livre do MASP, na Avenida Paulista, em prol de justiça pelos pitbulls de Mairiporã. Participe você também e nos ajude nesta causa.

Cristina Soto Espinosa é ativista da causa animal e ex-coordenadora da Gerência de Bem Estar Animal de Mauá