Cuidados alimentares durante a gestação

Por Rita de Cássia 07/05/2019 - 14:25 hs

Toda mulher grávida merece uma atenção especial quando o assunto é cuidados nutricionais, pois é nesse período que há maior vulnerabilidade biológica no ciclo reprodutivo da mulher. Além das diversas alterações fisiológicas e físicas no organismo materno, há também as alterações emocionais, comportamentais e alimentares e todas elas trazem reflexos para a saúde da gestante e do bebê. 

A ingestão ou reservas adequadas de nutrientes, através da mãe, garante um nascimento saudável e melhores condições de saúde para a idade adulta da criança. Assim, vamos começar esclarecendo algumas alterações importantes desta fase que tem relação direta com os comportamentos alimentares e requerimentos nutricionais. 

- As gestantes apresentam alterações gustativas e olfativas que influenciam as escolhas alimentares, com paladar menos sensível ao sal. Isso pode resultar em um aumento na ingestão de alimentos salgados e do sal adicionado na comida. Além disso, existe maior sensibilidade a odores o que tem relação direta com as náuseas e isso significa menor ingestão de alimentos na presença desses sintomas; 

- Durante a gravidez há o crescimento e/ou manutenção do feto, órgãos, tecidos, metabolismo e peso corporal. Por isso, é necessária maior quantidade de energia, o que aumenta os requerimentos calóricos e protéicos nesta fase; 

- Deficiência de ferro no organismo é algo comum nesta fase, devido ao aumento plasmático de até 50%. E isso é o principal responsável por casos de anemia na gestação; 

- Entre outras alterações, destacamos a diminuição das vitaminas C, ácido fólico, vitaminas B12 e B6 no sangue, o aumento da insulina plasmática e diminuição da tolerância à glicose, o aumento da absorção de cálcio e ferro e ainda variação dos níveis de triglicerídeos e colesterol. Estas situações são consequências das alterações hormonais as quais o organismo está submetido. 

Um estilo de vida saudável durante a gestação inclui tanto o adequado ganho de peso, quanto o consumo de alimentos variados (conforme a pirâmide alimentar), suplementação apropriada de micronutrientes e o não uso de álcool e/ou cigarros ou qualquer outra substância danosa. 

É difícil atingir as necessidades de ferro e ácido fólico na gestação somente por meio da alimentação. Para tanto, é recomendação da OMS – Organização Mundial da Saúde a suplementação medicamentosa destes dois micronutrientes. 

Há situações e sintomas muito comuns durante a gravidez e mudanças de hábitos e manejos dietéticos podem ser úteis para minimizá-los. 

Constipação intestinal – Procure ingerir líquidos longe das refeições, aumente o consumo de fibras encontradas nas frutas e verduras cruas e, quando possível, com casca e bagaço, o pão integral, arroz integral, aveia, farelo de trigo, ameixa preta seca. Lembrando que a prática de atividade física estimula o peristaltismo intestinal. Evite o excesso de massas e alimentos doces. 

Flatulência – Evite líquidos junto com as refeições. A alimentação deve ser feita em ambiente tranquilo, para estimular a boa mastigação dos alimentos. Existem diversos alimentos potencialmente flatulentos, mas este sintoma é individual. Deve–se observar a tolerância; 

Náuseas e vômitos – Fracione as refeições (seis refeições ao dia) com pequenos volumes; evite ingerir líquidos durante as refeições e o consumo de frituras e de alimentos condimentados; 

Pirose (azia) – Evite chá preto, café, bebidas alcoólicas, refrigerantes e cigarro e evite deitar logo após as refeições para impedir o refluxo; 

Hemorroidas – Prefira temperos naturais (ervas aromáticas, alecrim, salvia, salsa, cebolinha, coentro, cebola, alho) em detrimento dos temperos fortes, como pimenta, mostarda, cominho; 

Anemia – Consuma alimentos ricos em ferro, como carnes, peixes, frango e vísceras, vegetais verde escuros, feijões, lentilha, soja, ervilha, grão de bico, semente de abóbora, uva passa, ameixa. Oriente o consumo de três porções de frutas por dia, especialmente as frutas ricas em vitamina C como laranja, limão, acerola, tangerina, mamão, caju, goiaba. Chá preto, chá mate e café podem interferir na absorção do ferro da alimentação, portanto evite ingeri-los junto às refeições. 

A gestante deverá ter acompanhamento médico e nutricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, identificação de possíveis inadequações dietéticas e principalmente educação nutricional. As consultas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação. 

Referencia: VITOLO, M. R. Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento, 2008.