Conforme destacado em textos publicados em edições anteriores, os processos políticos e econômicos que desencadearam nosso desenvolvimento local teve início antes de 1883, quando a Companhia São Paulo Railway decidiu pela instalação de uma parada ferroviária denominada “Estação do Pilar”. A partir dali, a pacata Pilar, futuro município de Mauá não seria mais o mesmo.

No início do século XX surgiram as primeiras indústrias do Pilar, diversificando a modesta economia local, até então baseada na extração de lenha, carvão, pedras e no fabrico de tijolos das olarias. Essas indústrias produziam as famosas louças, cerâmicas e porcelanas de Mauá, cujo ciclo perderia força e importância na economia local a partir dos anos 1960, quando a cadeia produtiva da metalurgia automotiva, química e petroquímica assumiriam como as principais modalidades econômicas da cidade.

Esse ciclo industrial do pós-1960, marcado pela metalurgia e petroquímica, é ainda hoje o que mais gera divisas e recursos para a cidade, empregando uma grande quantidade de trabalhadores e contribuindo com a arrecadação de impostos. Essas empresas estão majoritariamente alojadas nos dois polos industriais da cidade, o polo de Capuava e o polo do Sertãozinho.

O crescimento populacional e ocupação     

Paralelo ao processo de desenvolvimento econômico, a ocupação do espaço territorial de Mauá acompanhou o mesmo ritmo da economia, ou seja, crescia e absorvia uma quantidade cada vez maior de pessoas, trabalhadores, pessoas que buscavam melhores condições de vida, de trabalho e de moradia. Com isso deu-se então uma expansão descontinuada, ou seja, por meio de muitos loteamentos periféricos, caracterizados pela precariedade de infraestrutura e baixa qualidade de vida, a conhecida “ocupação desordenada”.  

E assim foram surgindo os bairros, as vilas e aglomerações humanas que formavam a mão de obra daquela incipiente grande indústria, quando não apenas Mauá mas como o Brasil todo deixava de ser predominantemente rural para assumir sua condição urbana e industrial. Dentre os bairros, o Zaíra (antigo Corumbê), Vila Magini, Vila Assis Brasil, Parque São Vicente, Santa Lídia, Sonia Maria, Parque das Américas, São João e vários outros iam surgindo. E a população mauaense, que em 1950 era de 9.472 habitantes, contava com mais de 200 mil em 1980, somando hoje quase meio milhão de pessoas.

O lento processo de urbanização e as principais vias

Em pleno século XXI, a nossa pujante Mauá ainda conserva em alguns aspectos, características que nos remetem aos primeiros momentos de nossa urbanização, a um passado não tão distante que comprova nosso difícil e lento processo de urbanização, ainda em curso. Certamente essas características próprias da cidade, essa mescla de moderno e bucólico, sejam decorrentes dessa lenta urbanização.

A moderna avenida Barão de Mauá de hoje era chamada de “Estrada das Pedreiras”, uma vez que essa era a principal via que ligava as áreas de extração de pedras até a via férrea. Conforme Ademir Médici “a partir de 1919, se construiu ramal ferroviário ligando a estação às pedreiras. Não existia estrada de rodagem, apenas trilhos formados por rodas de carretões, carroças e carros de boi – e fazia todo o trajeto da Estrada das Pedreiras, até chegar ao pátio da estação. Esse ramal ferroviário durou até os anos 1940 e 50.

Outra importante e antiga via de Mauá, presente desde o início de nossa formação é a estrada Nossa Senhora do Pilar, ou a Estrada do Pilar Velho, na atual divisa entre Mauá e Ribeirão Pires. Esse caminho foi descrito como um espaço sobre "vegetação fechada, um caminho de terra batida”. O Corumbê, que trocou de nome nos anos 50, com a abertura do loteamento tornou-se Jardim Zaíra. Sua principal via de acesso era a Estrada do Corumbê, hoje Avenida Castelo Branco.

A Estrada de Ribeirão Pires é hoje a Avenida Capitão João; a antiga Estrada Mauá-Santo André é conhecida atualmente como Avenida João Ramalho. Até 1945, a Vila Assis Brasil possuía apenas uma rua, a antiga rua do Pedroso, atual avenida Dom José Gaspar.

Referências bibliográficas

MAUÁ (SP). Caderno Ambiental Mauá. Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente-SMPMA.

Imprensa oficial do Estado, 2004.

MAUÁ (SP). Jubileu de Prata 1954-1979. 1979.

MEDICI, Ademir. De Pilar a Mauá. Prefeitura do Município de Mauá, 1986.