Oswaldo Dias - O prefeito que transformou Mauá

Por Portal Opinião Pública 04/04/2024 - 15:00 hs

Oswaldo Dias - O prefeito que transformou Mauá
Oswaldo Dias preza bastante pela convivência familiar

Ex-prefeito de Mauá, o mineiro Oswaldo Dias certamente é uma das pessoas mais importantes da história recente da cidade. Eleito pela primeira vez ao Paço em 1996, ele conduziu uma série de ações que causaram transformações importantes no município e que ajudaram em seu desenvolvimento. Foi durante seus mandatos que os mauaenses viram, por exemplo, as chegadas do Mauá Plaza Shopping e do Rodoanel, duas das mais notórias obras recentes na história da cidade, além da construção de equipamentos públicos e a adoção de iniciativas sociais em benefício da população.

Por isso, nesta edição da Revista SUCESSO, contamos um pouco da trajetória do ex-prefeito, desde a pequena Guarani até os dias atuais. 

De Minas Gerais para São Paulo: uma grande mudança 

Nascido em Guarani, cidade localizada na zona da mata mineira, Oswaldo Dias passou por um processo comum a grande parcela da população: a migração. O aumento da industrialização e a consequente expansão de determinados centros urbanos, desde os anos 1950, fez com que milhares de brasileiros deixassem seus lares nas cinco regiões do país em busca de melhores oportunidades, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, as duas principais cidades do Brasil. E foi justamente esse o caminho trilhado por um ainda jovem Oswaldo Dias, que aos 20 anos de idade, desembarcou na capital carioca, deixando para trás uma vida simples em que trabalhava como lavrador ao lado da família. O ano era 1963.

E foi na cidade maravilhosa que Oswaldo, morando na casa de um amigo, teve seu primeiro contato com a política, ainda que segundo ele essa incursão inicial fosse “pouco efetiva”. Na época, o Brasil era comandado por João Goulart, 24º presidente do país que cumpriu mandato entre setembro de 1961 e abril de 1964, sendo o último antes do Golpe Militar. “Jango” acabou pedindo asilo político no Uruguai logo após as forças armadas tomarem o poder.

“Eu trabalhava com ele (oamigo) em um bar, no centro da cidade, e morávamos na região de Nilópolis. E lá, tínhamos uma militância no partido comunista, em que meu amigo participava. Eu nem vou dizer que participava, fui a algumas reuniões, mas existiam algumas tarefas a fazer, como distribuir materiais. Então, minha primeira participação neste sentido (política) eu tinha 20 anos”, recorda.

Algum tempo depois, Oswaldo Dias retornou para a região onde nasceu, mas desta vez para participar do movimento dos trabalhadores rurais, dentro do sindicato da classe em Cataguases, pouco antes do Golpe Militar que traria mudanças inesperadas. “Aí veio o golpe e meu amigo, que era muito mais visado do que eu, teve de sair rápido (da região). Eu também saí e fui para a região de Juiz de Fora trabalhar em uma fazenda colhendo café, de abril até agosto. E em agosto acabei vindo para a casa de uma pessoa, que eu não conhecia, mas que era amiga do meu cunhado e me recomendou. Cheguei na Vila Guarani, no Jabaquara”, contou Oswaldo sobre sua chegada à São Paulo, em 1964.

Em São Paulo, bastaram poucas semanas para que Oswaldo conseguisse um emprego na fabricante de tintas Sherwin Williams, onde ele permaneceu por pouco mais de um ano. Na sequência, já na região do Grande ABC, ele começou a trabalhar na Firestone, multinacional fabricante de pneus, onde atuou por cerca de sete anos. Concomitantemente ao trabalho, Oswaldo também se dedicava aos estudos. Quando ainda morava em Minas Gerais, ele teve a oportunidade de estudar somente até o equivalente à quarta série. Desta maneira, ele decidiu se matricular no curso de Madureza – voltado à época para jovens adultos que não haviam completado o ensino secundário, como um supletivo.

A saída da Firestone, em 1973, fez com que Oswaldo saísse temporariamente do chão de fábrica para uma mesa num escritório de contabilidade por alguns anos, antes de ele ingressar na Metalúrgica Limasa, última empresa pela qual passou. Após se graduar no ensino médio, ele foi à faculdade e formou-se em Ciências Sociais. Foi assim que Oswaldo tornou-se professor, lecionando na rede estadual onde permaneceu até 1995, quando foi eleito prefeito de Mauá. 

Surge o político 

No início da década de 1980, a relação de Oswaldo Dias com a política se estreitou. Na época, ele participou da criação do PT (Partido dos Trabalhadores), montando o primeiro núcleo da sigla na cidade e comparecendo ao encontro inicial da legenda de forma estadual. E não demorou para que o partido se desenvolvesse. Logo nas primeiras eleições municipais, a legenda elegeu quatro vereadores, em 1982. Oswaldo acabou tornando-se presidente municipal da sigla e nos anos seguintes participou das disputas eleitorais, concorrendo à Prefeitura em 1988 (em um pleito bastante acirrado), e sendo eleito vereador em 1992. A cadeira no Legislativo municipal, inclusive, é considerada por ele como um marco essencial a respeito do que Mauá era e poderia se tornar.

“A nossa vereança se prendeu muito em conhecer a realidade do município. Fizemos uma Comissão de Inquérito para apurar a dívida, outra para apurar uma obra superfaturada e com isso passamos a discutir a cidade de tal forma que, quando fomos eleitos, tínhamos uma visão bastante abrangente do que era Mauá. Até porque por conhecer a cidade de 1979 até 1996, conhecíamos bem a cidade através das escolas”, rememorou.

Após um mandato de SUCESSO como parlamentar, Oswaldo Dias sentiu-se mais preparado e confiante para voltar à disputa pelo Paço. Fazendo uma campanha focada em incutir no povo mauaense um senso maior de pertencimento ao município, Dias conseguiu um resultado favorável nas urnas, tornando-se o primeiro prefeito do Partido dos Trabalhadores eleito na cidade. “Fizemos uma campanha chamada ‘Chega de Abandono, Adote Mauá’, que tinha dois significados: ‘chega de abandono’, no sentido de cuidar e ‘adotar’ no sentido de pertencer. Em Mauá, naquela época, as pessoas acima de 20 anos eram em sua maioria migrantes e o adote veio disso, de que a cidade dessas pessoas agora era Mauá. Isso nos deu um discurso para tratar a cidade”, comentou Oswaldo, que durante a primeira passagem buscou dar uma nova cara ao município.

“É simbólico que uma das nossas primeiras ações foi restabelecer a Praça 22 de Novembro, que tinha sido destruída. Tinha um estacionamento, uma casa de blocos... a nossa primeira ação foi derrubar tudo aquilo e restaurar a praça. Daí segue o calçadão, a construção do Shopping Popular, para tirar os ambulantes das ruas... eu diria que essas não foram as obras principais (do período), mas foram como uma senha para mostrarmos como trataríamos a cidade”, opinou Oswaldo Dias que, com um primeiro mandato bem avaliado pela população, chegou à reeleição quatro anos mais tarde.

“Depois vieram os equipamentos (públicos), no segundo mandato, que uma cidade como Mauá deveria ter, como o Ginásio Poliesportivo, a Câmara dos Vereadores, o Teatro Municipal e dois projetos que tivemos muita participação: o shopping e o Rodoanel”, disse ele ao se recordar de duas das mais importantes obras da cidade no início da década de 2000.

Sem poder concorrer a uma nova reeleição, em 2004, Dias apoiou a candidatura de Marcio Chaves, então vice-prefeito, que venceu a disputa no primeiro turno, mas acabou não disputando o segundo turno após ter sua candidatura cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A decisão trouxe instabilidade política para a cidade, que em 2005 acabou sendo administrada pelo presidente da Câmara, Diniz Lopes, até que Leonel Damo, segundo colocado no primeiro turno do pleito de 2004, fosse conduzido ao cargo de prefeito. Contudo, já na eleição seguinte, Oswaldo Dias voltou a disputar o Paço e, bem avaliado pela população, recebeu a oportunidade de comandar o município pela terceira vez. O ex-prefeito diz, entretanto, que este período foi mais difícil do que o anterior.

“Um lance interessante do terceiro mandato é que não tive a aprovação como tive nos outros dois mandatos”, analisou Oswaldo, pontuando que a terceira gestão acabou sendo mais focada no social do que na realização de obras. “Foi o momento em que mais atuei na área social. Construímos vários CRAS (Centros de Referência em Assistência Social), construímos as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento), a área social no Cadastro Único avançou muito, mas o terceiro mandato foi mais difícil. Eu acho que o comparativo pesou muito”, avaliou.

Ainda assim, Oswaldo Dias trabalhou para que seu sucessor, o então deputado estadual Donisete Braga, vencesse a eleição de 2012, mantendo o PT no comando de Mauá. Dali em diante, Dias começaria a trabalhar politicamente com maior ênfase nos bastidores, ainda que anos mais à frente ele viesse a concorrer ao cargo de deputado estadual. Atualmente, ele segue ativo na militância e participou das últimas campanhas petistas na cidade, além de seguir discutindo pautas relacionadas à política em geral.

“Nós nunca deixamos de militar. Participei ativamente, em 2020, da coordenação da campanha (de Marcelo Oliveira, atual prefeito de Mauá), e em 2022 também participei (da campanha presidencial, que elegeu Lula para um terceiro mandato no país). Hoje temos um grupo de discussão, às terças-feiras à tarde, com algumas pessoas sobre política internacional, sobre a China, a questão da guerra na Ucrânia... é mais uma forma de colocar o papo em dia”, revelou. 

A importância da família 

Além da militância política, Oswaldo Dias também dá muito valor a vida com a família. Casado com Celma Dias, atual vice-prefeita e secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, eles têm dois filhos, Leandro e Lilian. E a vida ao lado deles e das netas tem sido muito tranquila, nas palavras do ex-prefeito.

“Tem sido bom, tenho curtido um pouco. Agora, por exemplo, estou curtindo minha neta, filha da Lilian. Ela vai colocar a coelhinha (de estimação) para brincar no quintal e sempre vou junto dela”, pontuou. “Mas curte muito também a Bia e a Stela”, recordou-se Lilian, que o acompanhava na entrevista. “A Bia é a filha do Leandro e já estuda. Moramos todos juntos, no mesmo quintal. A Celma cuida muito bem da gente e ainda cuida da mãe, que está com 87 anos. É muito boa a vida em família, muito tranquila”.