Crise comportamental

Por Portal Opinião Pública 29/08/2019 - 11:19 hs
Foto: Carolina Antunes / PR

 

Tem se tornado cada vez mais constantes os episódios em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, apresenta um comportamento que não condiz com a posição que ele ocupa.

Nos últimos dias, em meio a crise que as queimadas na floresta Amazônica têm causado no país – virando notícia em todo o mundo, inclusive – Bolsonaro pode ter dado início a uma crise diplomática depois de entrar em um embate nada amistoso com o presidente da França, Emmanuel Macron. Os dois lados têm feito críticas mútuas, especialmente depois de o presidente do Brasil ter aderido a uma brincadeira sem graça feita por um internauta, com uma comparação esdrúxula entre sua esposa, Michelle Bolsonaro, e a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. E esse é o principal ponto de debate sobre o comportamento de Bolsonaro.

Fazer e receber críticas são coisas inerentes ao cargo que ele exerce. Sendo uma pessoa pública – é o líder máximo do Brasil, no momento, ele está sujeito a ambas e tem todo o direito de reagir, caso não concorde com o que é dito sobre ele, assim como também pode omitir sua opinião sobre outros líderes mundiais. No entanto, a forma com que isso é feito é que tem de ser levada em consideração. O presidente de um país não pode e nem deve se comportar como um troglodita qualquer, que não respeita aquilo que os outros dizem, ainda mais chefes de Estado tão importantes quanto ele. Repito: ele pode reagir à críticas, mas desde que isso seja feito com o mínimo de educação, o que não tem acontecido.

Além disso, o entorno de Bolsonaro não ajuda. Tanto é que o filho que ele quer indicar para a embaixada brasileira nos Estados Unidos, se comporta de maneira tão ruim quanto o pai. Neste caso específico, Eduardo Bolsonaro ajudou a endossar críticas feitas ao presidente francês compartilhando um vídeo que chamava Macron de idiota. Ou seja, aquele que pretende ser um diplomata não age com diplomacia alguma. Isso sem contar outras pessoas que o cercam fazendo o mesmo.

E mais: não há cabimento que o líder máximo de uma nação se comporte como um adolescente compartilhando gracinhas e piadas de mau gosto na internet. Há de se ter o mínimo de decoro para exercer bem sua função e não virar piada ao redor do globo, como ele tem virado.

O mau comportamento de um presidente nunca traz benefícios, pois afeta credibilidade e a opinião de quem vê toda a situação de fora, o que pode gerar uma série de problemas para o país. Por isso, Bolsonaro precisa começar a rever seus conceitos, antes que sua imagem e a da nação que comanda fiquem ainda piores.