Crise em Brasília

Por Portal Opinião Pública 30/04/2020 - 10:36 hs
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Não bastasse o enfrentamento a pandemia provocada pela Covid-19, o Brasil tem assistido, nas últimas semanas, uma série de episódios que irão marcar a gestão do presidente Jair Bolsonaro. Em uma semana, dois de seus principais ministros (Luiz Henrique Mandetta, na Saúde, e Sergio Moro, na Justiça e Segurança Pública) deixaram seus cargos em meio a rusgas com o presidente. E isso, obviamente, não é nada auspicioso para o futuro do país.

Se no caso de Mandetta as trocas de farpas entre ele e o presidente indicavam um racha cada vez maior e que a troca era questão de tempo, a saída de Sergio Moro do governo pegou muita gente de surpresa e até dividiu as opiniões dos apoiadores de Bolsonaro. Parte deles mostrou decepção com o presidente, enquanto o outro lado criticou a decisão do ex-juiz federal.

No entanto, o que mais impactou foram as acusações feitas pelo ex-ministro de que o presidente estaria tentando interferir politicamente na Polícia Federal, pressionando pela demissão do então diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, indicação de Moro. Valeixo também deixou sua posição. Como não poderia deixar de ser, o presidente respondeu as acusações. Porém, não dá para apagar a imagem ruim que toda essa situação deixou e todas as consequências que serão oriundas destes movimentos.

Nesta quarta-feira, por exemplo, o advogado André Mendonça foi apresentado como o novo ministro de Justiça e Segurança Pública. Porém, o presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, que seria indicado como novo diretor-geral da PF, não assumirá o cargo após desistência do próprio presidente em nomeá-lo. Antes, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, já havia cancelado a nomeação.

Em meio a uma crise de saúde pública mundial, o país parece rumar também para uma crise política que pode atrapalhar ainda mais o já conturbado momento que vivemos.