Editorial - O racismo não deve ser tolerado

Por Portal Opinião Pública 10/12/2020 - 11:06 hs
Foto: IAN LANGSDON / EFE

Tudo transcorria bem na partida entre as equipes do Paris Saint-Germain e do Istanbul Basaksehir, válida pela última rodada da fase de grupos da UEFA Champions League, até que pouco antes dos 15 minutos da primeira etapa, o árbitro romeno Ovidiu Hategan foi chamado à beira do gramado pelo quarto árbitro, Sebastian Coltescu para expulsar o assistente do time turco, o ex-jogador camaronês Pierre Webó. Revoltado, Webó acusa Coltescu de tê-lo ofendido de maneira preconceituosa. Começa uma grande confusão que tem dois momentos de destaque: o primeiro com o jogador Demba Ba, do Basaksehir, cobrando explicações do quarto árbitro para aquele comportamento e o segundo com as duas equipes deixando o gramado e se recusando a retornar para continuar a partida. Um grande gesto.

Sim, o racismo existe. Na Europa e em qualquer lugar do mundo (inclusive no Brasil, contrariando alguns). E ele se manifesta em qualquer segmento, seja nas ruas, nas empresas, em um bar, em um jogo de futebol... o problema é estrutural e está entranhado de uma maneira tão profunda na sociedade que muitas vezes sequer é percebido. Tanto é que até mesmo figuras de autoridade (representada, no caso de uma partida de futebol, por um árbitro), que deveriam prezar não somente pelo cumprimento das regras como pelo tratamento igualitário a qualquer pessoa, estão sujeitos a agir de forma tão repugnante.

O fato das duas equipes terem deixado o gramado e se recusado a retomar o jogo com a arbitragem, que não apenas cometeu o ato de racismo como também não o coibiu (porque o árbitro principal em nenhum momento se posicionou contra a atitude) é, além de um grande gesto, um lembrete de que atitudes racistas não podem ser toleradas jamais.

Sendo um microcosmo tão importante da sociedade, o futebol – e o esporte de maneira geral – nos ajuda a entender um pouco mais sobre quem está envolvido com ele. E tomara que, a partir de casos como esse, passe também a ajudar no combate ao preconceito, seja ele racial, social ou de gênero.