A dieta da moda vem e vai. A reeducação alimentar vem e fica
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, publicada pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), quase 60% dos brasileiros estão acima do peso. Cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 25 kg/m², indicando sobrepeso ou obesidade. A pesquisa revelou ainda uma prevalência maior de excesso de peso no sexo feminino. Dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) afirmam que 40% das mulheres estão realizando algum tipo de modificação do padrão alimentar, visando à perda ponderal( perda rápida), enquanto 29% dos homens fazem a mesma afirmação.
A busca pelo emagrecimento é um dos temas mais discutidos na mídia, não apenas pela interferência na saúde dos indivíduos, mas também pelo culto à beleza e o status adquirido com o “corpo fitness”. Recorrentemente, ocorre a divulgação de novas dietas com a promessa de efeitos milagrosos do tipo “emagreça rápido”, “perca até
Entretanto, a adesão à dieta é temporária, sendo usualmente abandonada em poucas semanas, uma vez que as mudanças propostas não condizem com os hábitos e o cotidiano do indivíduo. De forma geral, além de não possuírem embasamento científico, essas dietas criam expectativas irreais relacionadas à velocidade e à quantidade de peso perdida. Podem, ainda, causar deficiências nutricionais e potenciais riscos à saúde, se conduzidas por um longo período.
Assim a reeducação alimentar, a prática regular de atividade física e a adoção de hábitos de vida saudáveis são sempre as melhores escolhas. O Guia Alimentar para a População Brasileira postula que uma alimentação adequada e saudável perpassa por aspectos biológicos e sociais do indivíduo, devendo estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.
Em contrapartida, as “dietas da moda” usualmente se limitam a considerar apenas a ingestão de nutrientes e calorias, não abarcando as singularidades do indivíduo e o contexto em que vive. Devemos considerar uma alimentação saudável que não se restringe ao consumo de nutrientes, devemos considerar as inúmeras possibilidades de combinações entre eles e suas formas de preparo, as características do modo de comer e as dimensões sociais e culturais das práticas alimentares.
O Guia Alimentar para a População Brasileira é o documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira. Este visa facilitar o acesso das pessoas, famílias e comunidades a conhecimentos sobre características e determinantes de uma alimentação adequada e saudável, possibilitando que ampliem a autonomia para fazer melhores escolhas para sua vida, reflitam sobre as situações cotidianas e busquem mudanças em si próprios e no ambiente onde vivem.
Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Alimentos regionais brasileiros. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 484 p.
Brasil. Ministério da Saúde. Desmistificando dúvidas sobre alimentação e nutrição : material de apoio para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
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